Empresas precisam estar preparadas para prevenir acidentes
21/09/17
A preparação é uma etapa tão – ou mais – importante que a prevenção dentro do universo da segurança do trabalho. Esta foi a principal mensagem passada pelo painel “Emergências e desastres: Estratégias para a preparação e resposta voltadas ao setor de mineração”, do qual participaram representantes da engenharia, do direito e, claro, da mineração, nesta quarta-feira, 20 de setembro, como parte da programação do 17º Congresso Brasileiro de Mineração. O encontro foi mediado pelo especialista e Diretor Técnico do Fire & Rescue Group, Jorge Alexandre Alves.
Capacitação para mitigar riscos
De acordo com a engenheira Cláudia Pellegrinelli, Coordenadora do MINERAÇÃO – Programa Especial de Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração, promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), “é fundamental estar preparado para vivenciar determinada situação, caso ela aconteça, ainda que a probabilidade seja baixa. Quando a empresa faz isso, ela é capaz de responder a todos, seja o governo, sejam os acionistas, seja a sociedade, com eficiência e transparência, ao mesmo tempo em que toma as providências necessárias para solucioná-la”, defende.
O capitão Eduardo Gomes Pinheiro, Oficial do Corpo de Bombeiros do Paraná e Diretor do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED/PR), lembrou que desastres na mineração costumam resultar da combinação entre ameaças naturais ou tecnológicas e vulnerabilidades construídas pelo ser humano no exercício das ações ou omissões técnicas, gerenciais ou científicas. “Provavelmente o Brasil seja, atualmente, o único país no mundo a classificar, por exemplo, o rompimento de barragem como desastre natural. É preciso deixar de enxergar o dinheiro direcionado em segurança como gasto. Ele representa investimento, e a preparação é uma etapa fundamental deste processo”, afirmou.
Comunicação é etapa fundamental
Júlio Cesar Bueno, sócio do Pinheiro Neto Advogados, reforçou que é necessário romper com a cultura do improviso, principalmente no que diz respeito ao gerenciamento de crises. “É preciso fazer um exercício daquilo que pode acontecer dentro de um negócio. Só assim será possível identificar e corrigir as falhas. Para isso, é fundamental cumprir protocolos que envolvam múltiplos setores de operação, entre os quais a Comunicação e o Jurídico”, afirmou.
A orientação tem ainda mais relevância dentro do ambiente moderno, no qual informações podem ser disseminadas em questão de minutos. “Não é mais possível administrar uma situação de crise em um prazo de 24 horas. Isso obriga as empresas a estarem preparadas para darem respostas ao stakeholders de forma rápida e eficiente”.
Mais de 60% dos CEOs já passaram por uma situação de crise
Pesquisa realizada pela PwC Brasil e apresentada no evento por Jerri Ribeiro mostra que dois terços dos CEOs – ou seja, 65% dos entrevistados – passaram por alguma situação de crise nos últimos três anos e que 55% deles se sentem vulneráveis na comunicação com stakeholders externos em momentos como estes. Outro dado alarmante foi identificado a partir de um levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2013: 90% dos municípios brasileiros não possuem um plano de redução de riscos. “A preparação proativa a eventuais crises leva a uma resposta mais eficaz e a uma recuperação mais rápida e sustentável”, afirmou.
Experiência chilena
Um dos mais emblemáticos cases da mineração mundial – o resgate dos 33 mineiros que ficaram presos a uma profundidade de 700 metros na mina de San José, no Chile, em 2010 -, foi apresentado durante o painel. O assunto foi abordado por Miguel Zanoni, engenheiro de Minas que coordenou a operação. A partir de um plano que envolveu múltiplos agentes e forte cooperação internacional, foi possível resgatar os trabalhadores, mantendo-os a salvo a partir do envio, por meio de sondas, de alimentos, água, remédios e roupas. A comunicação foi feita a partir de equipamentos de áudio e vídeo, permitindo, assim, acompanhar permanentemente a situação. “Os principais componentes do risco são as consequências e a possibilidade que ele aconteça. E é fundamental estarmos organizados para isso”.