Anglo American vai investir para quintuplicar a produção até 2017
23/01/08
Sem medo da crise que assola os mercados globais, a mineradora anglo-sul-africana Anglo American definiu o Brasil como um dos pólos estratégicos para a meta de ampliar a atual produção mundial de minério de ferro da companhia em 400%, de 30 milhões de toneladas por ano para 150 milhões de toneladas até 2017. Presidente daquela que está entre as cinco maiores mineradoras do mundo, Cynthia Carrol revelou que, para isso, pretende investir US$ 16 bilhões, no mesmo período, no País. Como ponto de partida de tal estratégia, a mineradora deverá concluir nos próximos 60 dias a aquisição de parte da congênere MMX, do grupo EBX, do empresário brasileiro Eike Batista. Na última semana, a Anglo American acertou a compra, por US$ 5,5 bilhões, de parte dos ativos da MMX, sem que isso representasse a saída da empresa do setor minerador. Ontem, durante visita ao escritório de Eike Batista, no Rio, Cynthia fez questão de reafirmar o convite para o empresário brasileiro tornar-se `chairman` da nova companhia que vai surgir a partir da incorporação dos ativos. Além do projeto MMX Minas Rio, o negócio entre as empresas envolve a compra do projeto MMX Amapá, uma usina de pelotização no porto do Açu, no Norte do Estado do Rio, e uma mina de metálicos também no Amapá. Preços Apesar das turbulências que ontem levaram as bolsas do mundo todo a fechar em baixa, a executiva manifestou confiança na manutenção do consumo e dos preços das commodities no atual patamar. Sem querer fazer prognósticos quanto aos novos preços do minério de ferro, que surgirão a partir das negociações já em curso com as siderúrgicas chinesas, Cynthia disse, no entanto, acreditar que permanecerão em tendência de alta neste ano. `A China deverá permanecer como um dos grandes centros consumidores mundiais de minério de ferro, pois acreditamos que deverá prosseguir com seu ciclo de investimentos em urbanização nos próximos anos`, justificou a executiva. `Além disso, sempre procuramos operar com baixos custos, de modo a produzir e obter resultados em qualquer que seja o cenário do mercado`, observou. Com relação à meta de aumento de produção de minério de ferro, a executiva informou que os 150 milhões de toneladas almejados deverão ser alcançados por meio do incremento da produção da mina de Kumba, localizada na África do Sul, e dos projetos do Amapá e Minas Rio, no Brasil. Do total a ser alcançado, conforme os planos da empresa, 100 milhões de toneladas deverão ser obtidos no Brasil, com o restante produzido no continente africano, em 2017. No Brasil, de acordo com a presidente da Anglo American, a expectativa é alcançar uma produção de 26,5 milhões de toneladas em 2010, o que deverá permitir à mineradora usufruir dos altos preços do minério de ferro no mercado internacional. Só o projeto Minas Rio, ainda em fase de desenvolvimento, apresenta capacidade para produzir esse montante. Outros 6,5 milhões de toneladas podem ser obtidos, de acordo com Cynthia, por meio do projeto do Amapá. O portfólio da Anglo American na América do Sul ainda inclui reservas de nióbio, fosfato e níquel no Brasil; cobre, no Chile; carvão, na Colômbia; e níquel, na Venezuela. Ambições `Nossa ambição é alcançarmos não só a condição de líderes mundiais do mercado minerador, como sermos uma empresa escolhida pelos clientes, parceiros e governos`, disse Cynthia, considerada a segunda mulher mais poderosa do mundo corporativo, ao também admitir o interesse em tornar-se fornecedora de minério para a siderúrgica que o grupo EBX, por meio da subsidiária de logística LLX, negocia a instalação no porto do Açu, no Rio.
Gazeta Mercantil