Vale afasta banco da compra da Xstrata
05/02/08
A Vale afastou o banco de investimento Merrill Lynch da condição de conselheiro na montagem da oferta pela mineradora anglo-suíça e maior produtora de carvão do mundo Xstrata, de acordo com o jornal “Financial Times”. A decisão, segundo a reportagem, teria sido motivada pelo fato de a instituição não ter aceitado participar do financiamento da operação. O negócio é estimado em mais de US$ 80 bilhões, podendo alcançar a cifra de US$ 90 bilhões. O valor financiado por bancos pode atingir os US$ 50 bilhões. O restante do valor seria assegurado com a emissão de ações preferenciais em favor do acionista controlador da Xstrata, a Glencore ? maior trading global de commodities. O jornal afirma, com base em declarações de fontes não reveladas, que a Merrill Lynch teria chegado à conclusão de que as condições de financiamento do negócio não eram “viáveis” tanto para o banco quanto para os sócios da mineradora. O aperto de liquidez no mercado internacional, situação que se agravou depois da crise das hipotecas de alto risco dos Estados Unidos, reduziu a disponibilidade de capital de algumas instituições para ser alocado em grandes operações, como no caso da Vale e Xstrata. De qualquer forma, a diretoria financeira da mineradora conseguiu costurar um acordo com um pool de 12 bancos, liderados pelo HSBC e o Santander, para levantar um empréstimo-ponte de US$ 50 bilhões. Ainda não há qualquer informação sobre como poderia ser montada a operação financeira definitiva para esse empréstimo. De acordo com o FT, estão na lista de financiadores o Lehman Brothers, Calyon, Royal Bank of Scotland, BNP Paribas, Citi e Credit Suisse. A despeito do afastamento do Merrill Lynch, o jornal informou na edição de ontem que a oferta da Vale poderia ser anunciada ainda durante o feriado de Carnaval. O prazo limite seria até amanhã, quando o mercado financeiro volta a abrir no Brasil. Mas ninguém sabe a data da formalização da oferta e ainda há risco de ela não ocorrer. GOVERNO Até mesmo a resistência de parte do governo brasileiro em relação ao negócio já estaria superada, segundo a fonte. A questão estaria apenas em detalhes, principalmente sobre como se dará a emissão das ações preferenciais para a Glencore. “A pressão dos chineses contra o negócio torna cada dia mais urgente esse prazo”, disse. O Banco de Desenvolvimento da China, segundo informação publicada pelo jornal “Daily Telegraph”, estaria negociando em sigilo a compra, por cerca de US$ 27 bilhões, da participação de 34,6% da Glencore na Xstrata. O objetivo seria o de criar um obstáculo a uma eventual oferta da Vale pela mineradora. O banco chinês ajudou a Aluminum Corporation of China (Chinalco) a adquirir ? em conjunto com a Alcoa ? 12% do capital da Rio Tinto, mineradora que é alvo da BHP Billiton, a número um do setor mineral mundial. Analistas dizem que essas operações teriam como objetivo evitar a criação de duas supermineradoras mundiais: BHP/Rio Tinto e Vale/Xstrata. Ontem, o banco estatal chinês negou que esteja em negociação com a Glencore. A diretora do departamento de comunicação do banco, Yang Hua, disse que a instituição “não estava em conversação sobre tais investimentos”.O concorrente US$ 27 bilhões – É o preço que o Banco de Desenvolvimento da China estaria disposto a pagar pela participação acionária da Glencore na Xstrata. Assim, impediria a venda para a Vale.
A Gazeta – ES