Preço do minério de ferro pode subir 30%
12/09/07
São Paulo – Forte alta no mercado de curto prazo faz analistas estimarem reajuste mais elevado para 2008. Cerca de um mês antes de começarem as rodadas de negociação entre as mineradoras e as siderúrgicas internacionais para o reajuste do preço do minério de ferro a ser praticado em 2008, a cotação do produto no mercado de curto prazo (spot) da China tem apresentado forte alta, o que indica também forte possibilidade de novas altas significativas. “Já há quem avalie que as condições de cenário deste ano são semelhantes às verificadas em 2004 (quando o reajuste foi de 71%)”, disse o analista da Quest Investimentos, Marcelo Aranha, para quem o aumento pode chegar a 30%. Em relatório, o analista da Brascan Corretora, Rodrigo Ferraz, destacou que em cerca de 40 dias, os finos de minério subiram 38%, passando de US$ 103,5 por tonelada, no início de agosto, para US$ 143 no último dia 7, de acordo com dados do Metal Bulletin, para o mercado spot. Já os preços das pelotas subiram 18%, de US$ 137,5 por tonelada para US$ 162,5. O relatório também ressaltou que ao final de agosto, enquanto o preço do minério no mercado spot atingia US$ 141,4 por tonelada, o minério de ferro da Companhia Vale do Rio Doce entregue no porto de Beilun (China) custava US$ 111,6 por tonelada. “Estes números indicam um spread em relação ao preço do contrato da Vale de quase 27%; é muito alto”, disse Ferraz. Para Aranha, além da forte alta dos preços de curto prazo, a cotação do minério para pronta entrega sofre pressão por conta da dificuldade com o frete, devido à falta de navios, o que já fez o preço do frete subir 90% desde o início do ano. No cenário de alta, o analista também destacou a exaustão das minas mais antigas e o início da exploração de minas com minério de teor de ferro mais baixo, além da dificuldade na aquisição de equipamentos para mineração. “O que a gente percebe é que não há sinais de arrefecimento do boom mineral que se verifica nos últimos anos e a perspectiva é de prosseguir assim pelo menos nos próximos quatro anos”, avaliou Marcelo Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). “Há escassez de minério e é garantido que vai ter reajuste”, resumiu Ferraz, que prevê um reajuste de cerca de 20% em 2008, dependo da demanda chinesa. A produção da China acumula alta de 18,5% nos sete primeiros meses do ano, ante o mesmo período de 2006, somando 279,4 milhões de toneladas de aço, segundo o Instituto Internacional do Ferro e Aço (IISI). Com isso, também houve alta da importação chinesa de minério de ferro. Com base nos dados dos primeiros sete meses do ano, as compras anualizadas do país totalizariam 380 milhões de tone- ladas, alta de 17% ante 2006. Ferraz destacou que ainda é preciso verificar como ficará a produção no final deste ano e início do ano que vem, por conta das medidas restritivas impostas pelo governo chinês, que tem sido crescentemente implementadas a medida que são encerrados contratos hoje ainda em vigor. Por conta disso, Ferraz aposta que as negociações, normalmente com início entre outubro e novembro, devem ser mais demoradas que as verificadas em 2006. “No ano passado foi vantajoso avançar rapidamente o processo porque as siderúrgicas sabiam que havia uma diferença entre oferta e demanda, agora é possível que elas tentem demonstrar que as taxas estão diminuindo. Em julho, a alta da produção chinesa foi de 14,5% ante igual mês de 2006, taxa inferior aos 26% de janeiro. Segundo os analistas, a crise da economia dos EUA não deve afetar a demanda por minério, pelo menos em 2008. “Há um impacto indireto no consumo de aço, mas o efeito dominante ainda é a China”, resumiu Ferraz, para quem, caso a crise se prolongue e aprofunde, um impacto poderá ser verificado para 2009.
Gazeta Mercantil