Vale pode ir para o exterior
16/10/07
A Companhia Vale do Rio Doce estuda a construção de fábricas de alumínio no exterior para contornar as dificuldades que tem encontrado no Brasil para o fornecimento de energia. Segundo o presidente da empresa, Roger Agnelli, que concedeu entrevista coletiva em Nova York, a escassez de projetos de hidrelétricas está deixando a empresa pouco otimista para investir no Brasil. ?A oferta de energia elétrica é um ponto crítico e está limitando nossos investimentos na área de alumínio no País?, disse. A Vale anunciou na quinta-feira um plano de investimentos de US$ 59 bilhões para os próximos cinco anos, sendo US$ 11 bilhões somente em 2008. As aquisições, porém, não estão incluídas nesses números. Segundo Agnelli, a empresa estuda a instalação de hidrelétricas na África e na América Latina para obter custos mais competitivos para a instalação desses projetos de alumínio. Nos últimos anos, a Vale concentrou seus aportes em outros estágios da cadeia do alumínio, como bauxita e alumina, que consomem menos energia. Para o executivo, a geração hidrelétrica é a melhor alternativa disponível, mas a empresa também está ampliando sua produção de energia térmica. ?Estamos comprando usinas de ótima qualidade na China para ampliar a autogeração?, disse. Agnelli afirmou também que o investimento em aumento de produção anunciado na quinta-feira poderia ter sido ainda maior não fosse a restrição na oferta de equipamentos e mão-de-obra especializada no mercado. ?O investimento não foi limitado pela falta de capital, mas sim pela dificuldade na obtenção de equipamentos, projetos de engenharia, mão-de-obra especializada e pela liberação de licenças ambientais?, disse. Para o executivo, a Vale tem ?grande número de reservas de alta qualidade e pesquisas bem-sucedidas em novas áreas, o que daria espaço para investimentos ainda mais vultosos?. O plano anunciado pela empresa na semana passada prevê, por exemplo, elevar a produção de minério de ferro das 300 milhões de toneladas deste ano para 422 milhões de toneladas em 2012. Agnelli disse ainda que o aumento na produção de minério de ferro deve trazer uma boa redução de custos. Segundo ele, as minas operadas hoje pela empresa estão cada vez mais profundas e com distâncias maiores para transportar o material descartado. ?As novas minas terão uma relação de custo muito mais favorável.? Com isso, diz, a diferença de custo entre a Vale e as mineradoras estrangeiras deve ficar ainda maior. ?Hoje, as minas que consideramos caras já possuem um custo muito inferior às estrangeiras?, afirmou.
Diário da Manhã – GO