Cotação do ouro bate recorde e vai a US$ 767,09 em Londres
17/10/07
17 de Outubro de 2007 – Desvalorização do dólar e busca por ativos mais seguros estão entre as explicações para alta. O preço da onça de ouro chegou a US$ 767,09 ontem no London Bullion Market, o que representa um preço recorde desde os anos 1980. Em Nova York, os contratos a futuros do ouro para entrega em dezembro caíram 20 centavos para US$ 762 a onça na divisão Comex. O metal alcançou antes a cotação de US$ 772, a mais alta para um contrato de grande negociação desde 22 de janeiro de 1980. O metal vem batendo recorde atrás de recorde há uma semana. Desde o início de setembro, a onça do ouro subiu quase US$ 100 em Londres, o que representa uma valorização de 15%. Em um ano, a alta chega a 30% nesse mercado. Nos Estados Unidos, o ouro acumula alta de 19% este ano. `Os fundamentos de oferta e demanda de ouro estão positivos, puxado principalmente pelo crescimento do consumo industrial e de joalherias no mercado asiático`, disse Luiz Gustavo Mameza, do Banco Standard Investimentos. `Mas a recente alta dos preços do ouro como de outras commodities metálicas, como o cobre, também é resultado de uma busca dos investidores por ativos financeiros mais seguros e o ouro sempre teve um papel de destaque com reserva de valor e seguro contra inflação em momentos de crise.` De acordo com o Conselho Mundial do Ouro (World Gold Council) a demanda por ouro subiu 4% no primeiro trimestre deste ano, dado mais recente disponível, e somou 211 toneladas, apenas 6 toneladas abaixo do consumo recorde do período, registrado em 2001. Entretanto, o fornecimento continuou apertado, segundo a entidade, e registrou queda de 2% nos três primeiros meses do ano. Justamente por isso, produtores mundiais estão investindo em todo o mundo. Somente no Brasil a produção de ouro deve crescer 86% entre 2007 e 2011, para 80 toneladas por ano segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Petróleo Analistas do banco Barclays Capital ouvidos pela AFP destacaram que os preços do ouro também são estimulados pela fragilidade do dólar, as preocupações geopolíticas, e os preços recordes do petróleo. A fragilidade da moeda americana, que evolui ainda perto de suas mínimas históricas, aumenta o poder de compra dos investidores fora da zona do dólar, estimula a demanda por commodities e eleva as cotações. Os preços do óleo cru, que encostaram ontem nos US$ 88 o barril em Nova York, o que aumenta por sua vez os temores inflacionários e empurram os investidores para o ouro, considerado um `escudo` contra a inflação.
O ouro também tem papel como valor de fuga no contexto de alta das tensões geopolíticas. O risco de uma intervenção militar no Iraque contra os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, um partido proibido) é outra razão para comprar ouro. `As compras de ouro como valor de fuga contribuem para a alta. As tensões entre Turquia e Iraque se somam à instabilidade geopolítica no Oriente Médio`, destacaram os analistas da Gold Investment.
Gazeta Mercantil