Irã diz que continuará a enriquecer urânio e a cooperar com a AIEA
06/11/07
O Irã afirmou nesta segunda-feira que continuará cooperando com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) mesmo se for adotada uma nova resolução internacional contra o país, mas reiterou que não renunciará ao direito de enriquecer urânio. O porta-voz do Ministério do Exterior, Mohamad Ali Hosseini, se referiu às tentativas de algumas potências ocidentais, como os EUA e a França, de endurecer as sanções contra o Irã por sua recusa em suspender o enriquecimento de urânio. “Seguiremos adiante com o plano que tínhamos proposto à AIEA. Há esforços para evitar uma terceira resolução, e estes esforços tiveram sucesso”, disse Hosseini, segundo a agência de notícias iraniana “Mehr”. Mas, “se for adotada uma nova resolução, então anunciaremos nossa posição”. O Irã e a AIEA chegaram a um acordo em agosto pelo qual os iranianos se comprometem a esclarecer as “ambigüidades” em seu programa atômico. Desde então, representantes das duas partes realizaram várias negociações que Teerã chamou de “construtivas”. Na sexta-feira em Londres, representantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia) mais a Alemanha concordaram em apoiar uma nova resolução com mais sanções contra o Irã, segundo um porta-voz do Ministério do Exterior britânico. Os países advertiram que apresentarão o texto a votação, a menos que os relatórios da AIEA e do chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, previstos para este mês, “mostrem um resultado positivo dos esforços” para solucionar a questão nuclear com o Irã. Proposta O porta-voz iraniano mencionou a proposta feita recentemente pelos países árabes do Golfo Pérsico para a criação de uma usina de enriquecimento de urânio para todos os países da região, inclusive o Irã. “A República Islâmica recebe com beneplácito todas as propostas que respeitem os direitos do Irã”, disse Hosseini. A proposta foi revelada recentemente em Londres pelo ministro do Exterior saudita, príncipe Saud al Faiçal. Ele afirmou que o objetivo é satisfazer o direito do Irã à tecnologia nuclear e assegurar à comunidade internacional que o programa iraniano não seria utilizado para fins militares. O assessor do conselho Supremo da Segurança Nacional iraniano, Javad Vaidi, afirmou no sábado que o Irã “recebe com beneplácito as iniciativas para o enriquecimento de urânio em outros países, mas rejeita que estas sejam condicionadas à suspensão do enriquecimento no interior do Irã”.
Folha de S.Paulo