A riqueza do carvão
01/11/07
Tanto para o Sul do Estado como para o país é importante que seja intensificada a exploração das imensas jazidas de carvão mineral, obviamente respeitando-se os preceitos ambientais e mediante a utilização das mais modernas técnicas não-poluentes de extração. Para a região meridional de Santa Catarina, a indústria carbonífera representa a garantia de grande número de postos de trabalho, arrecadações substanciais de tributos para as municipalidades e contínuo aporte de recursos a irrigar o comércio e outras atividades. Para o Brasil, cuja matriz energética mal consegue atender à demanda atual, é vital que esse insumo seja valorizado, eis que o país só poderá crescer em ritmo adequado às suas necessidades se dispuser de farta oferta de energia. E não contamos, agora, com número suficiente de usinas hidrelétricas, o gás natural proveniente da Bolívia tem sua oferta comprometida, de modo intermitente, pelos humores dos governantes daquele país, a exploração de novos campos em alto-mar, seja de petróleo, seja de gás natural, só deverá ocorrer dentro de alguns anos, e as adversidades climáticas volta e meia nos impõem racionamentos na oferta de energia produzida por meio hídrico. Ou seja, o Brasil não pode se dar ao luxo de dispensar a riqueza do carvão. Felizmente, vivemos novos tempos, em que a preocupação ambiental determina a utilização de métodos mais racionais de exploração das jazidas carboníferas. Pois, numa época em que o planeta está envolvido numa cruzada contra o aquecimento global, seria no mínimo uma insanidade promover a pura e simples exploração desse minério sem que houvesse a preocupação em realizá-la sob o prisma da responsabilidade social e ambiental. Neste sentido há que se elogiar a firme atuação dos poderes públicos, que tomaram a iniciativa de cobrar das mineradoras maior responsabilidade sobre a recuperação e manutenção do patrimônio ambiental. Esta semana, uma comissão formada por representantes do Ministério Público Federal, Departamento Nacional de Produção Mineral, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Sindicato da Indústria de Extração e Fundação do Meio Ambiente divulgaram seu primeiro relatório de monitoramento dos trabalhos de recuperação das áreas degradadas na Região Carbonífera. Segundo o documento, há 6,2 mil hectares de áreas comprometidas pelos rejeitos do carvão e bocas-de-mina, o que representa um agravamento do quadro, posto que em 1990 a região atingida abrangia 5,5 mil hectares. O estudo servirá para orientar as próximas ações. Inobstante a urgência e óbvia relevância dos programas de recuperação ambiental, o que importa frisar aqui é que Santa Catarina detém uma riqueza incalculável que repousa no subsolo, e o país precisa investir para dela se beneficiar sem prejudicar o meio ambiente e a qualidade de vida dos habitantes do Sul do Estado.
Diário Catarinense