Aprovada parceria em usina com a Baosteel
17/01/08
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem, sem restrições e por unanimidade, a criação da Companhia Siderúrgica Vitória (CSV), um investimento da chinesa Baosteel e da Companhia Vale do Rio Doce. O empreendimento terá capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano.A associação prevê, além da usina siderúrgica, um porto de águas profundas, uma ferrovia de 160 quilômetros até a Estrada de Ferro Vitória-Minas e uma usina termoelétrica para gerar, a partir dos gases da coqueria, 400 megawatts (MW). Localizado em Anchieta (ES), o complexo industrial da CSV ficará a 80 quilômetros da capital capixaba. O investimento estimado é de cerca de US$ 4 bilhões, sendo que 60% bancados com capital chinês e de 40%, com brasileiro. A expectativa da Vale é que esse formato societário permaneça até o término do estudo de viabilidade econômica, previsto para este semestre.O relator do processo no Cade, Luiz Carlos Delorme Prado, explicou ontem que o ato de concentração entre a Vale e a Baosteel é “simples”, do ponto de vista da defesa da concorrência, porque é um investimento novo que amplia a oferta de produtos siderúrgicos. “Se envolvesse alguma restrição da capacidade produtiva, o caso deixaria de ser simples”, explicou.A presidente do Conselho, Elizabeth Farina, ressaltou que o parecer da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda não identificou, na criação da CSV, efeitos negativos para o mercado ou a formação de gargalos na infra-estrutura. Prado também comentou que a cláusula de exclusividade de fornecimento de minério não é anti-concorrencial porque não há restrição da oferta desse produto no mercado brasileiro. Desde o segundo semestre do ano passado, Vale e Baosteel procuram um sócio financeiro para completar a composição acionária da CSV. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ou o seu similar chinês, pode assumir essa posição. Os investimentos da Vale, no formato atual da sociedade, não devem passar de US$ 30 milhões. Depois disso, a brasileira deverá ficar com apenas 20%. A produção deverá ser exportada para Europa, Estados Unidos e China, mas a CSV poderá fornecer placas ao mercado interno.O projeto original da CSV previa a instalação da usina no Maranhão, mas divergências entre os sócios e o governo do Estado levaram o investimento para o Espírito Santo.
Valor Econômico