Argentina reabrirá mina de urânio em Salta
02/08/07
Em mais uma tentativa de espantar a crise no abastecimento de energia, o governo da Argentina decidiu retomar a exploração de urânio, mineral usado para produzir energia nuclear. Segundo fontes oficiais, o plano é reabrir uma mina no noroeste do país, a de Don Otto, na Província de Salta, cuja produção foi interrompida há dez anos. Essa mina produziu cerca de 400 toneladas de urânio concentrado entre 1964 e 1982. A reabertura da mina será possível graças a um acordo entre o governo da província, titular dos direitos de exploração, e a Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA). “É uma jazida com vida útil de oito anos de exploração, com produção de 30 toneladas por ano de urânio concentrado, que será enriquecido em uma usina dentro das mesmas instalações da mina”, comentou o responsável pelo projeto dentro da CNEA, Sergio Gorustovich. A mina, que deverá empregar pelo menos 120 pessoas, vai exigir investimentos de milhões de dólares. A CNEA já iniciou os trabalhos de abertura de uma estrada até a mina e a instalação de um acampamento para receber os trabalhadores. A retomada da exploração da mina faz parte de um plano de reativação da energia nuclear, anunciado pelo governo em agosto de 2006. O plano coincide com uma das piores crises de abastecimento de energia do país, iniciada em maio. Essa crise obrigou as autoridades a racionar o fornecimento de gás para a indústria local e a romper contratos de abastecimento com o Chile. A Argentina gasta cerca de US$ 36 milhões por ano com a importação de 120 toneladas de urânio para abastecer as usinas nucleares de Atucha e Embalse. A decisão de reabrir a mina também decorre da disparada dos preços de urânio no mercado internacional, em razão do grande aumento do petróleo. Além disso, o governo argentino já anunciou que pretende construir pelo menos mais duas centrais nucleares, uma delas até o ano de 2010. A produção da mina de Don Otto é pequena diante das 150 toneladas de capacidade da mina de Sierra Pintada, na Província de Mendoza, que ainda poderá fornecer a matéria-prima por mais 20 anos. Essa mina foi fechada em 1997 pelo governo Carlos Menem por causa dos altos custos de produção. O governo Néstor Kirchner também quer reabrir essa mina, mas o governo de Mendoza proibiu o uso de produtos químicos essenciais para tornar possível a sua exploração.
Agência Estado