Aumento do preço do minério de ferro encarece o aço em até 16%
22/02/08
O reajuste de 65% no preço do minério de ferro reflete num aumento entre 9% e 16% no preço do aço, estima o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello Lopes. No entanto, o executivo reitera que ainda é cedo para se saber quando e se as siderúrgicas vão repassar essa banda de variação, pois a definição do aumento vai depender de negociações para cada tipo de produto siderúrgico.
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`O aumento no preço do minério de ferro foi feito por condições de mercado e não de custo. As empresas estão fazendo suas contas`, afirma Lopes. De acordo com ele, no caso das montadoras, o reajuste do aço não implica necessariamente em aumento nos preços dos automóveis. `O setor automotivo não precisa do aumento do aço para aumentar o preço dos carros; sempre foi assim`, acrescenta. Lopes considera, ainda, que as movimentações em torno do aumento do aço `fazem parte de um jogo comercial`. Segundo ele, toda a vez que há reajustes no aço em virtude do aumento do preço do minério de ferro `os setores consumistas de aço reagem`.
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A indústria naval brasileira vai importar aço, isento de ICMS, para compensar a diferença de preços do aço nacional que hoje já chega a 30%. `Se antes do aumento do minério e antes da isenção de impostos o aço importado já era 30% mais barato, agora poderemos ser bem mais competitivos`, salientou o presidente do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha. A isenção do ICMS foi autorizada hoje pelo governo do Estado do Rio, a exemplo do que já existe em outros estados construtores, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará e Pernambuco. O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Júlio Bueno, ressaltou que não há perda para os cofres locais, já que o estado ganhará com o desenvolvimento da indústria. A taxa de ICMS sobre o aço era de 10%.
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`O governo do Estado do Rio toma medidas de desoneração que o IBS, de maneira geral, apóia. Só que desta vez foi para importação, que gera uma assimetria tributária que não podemos concordar`, afirma Lopes. Fabricantes de veículos começaram a receber nos últimos dias pedidos de reajuste do preço do aço de 10%. Embora o mercado de carros esteja aquecido, as montadoras temem que repasses ao consumidor possam diminuir o consumo interno, além de prejudicar ainda mais a competitividade externa do produto brasileiro, já potencializada pela questão cambial.
Agência Estado