China é foco das principais transnacionais brasileiras
03/12/07
A intenção de entrar no mercado chinês com unidades produtivas é um dos pontos em comum das empresas brasileiras mais internacionalizadas. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Columbia University, o Grupo Gerdau, Companhia Vale do Rio Doce, Sabó Indústria e Comércio de Autopeças e Marcopolo são as quatro empresas brasileiras que mais avançaram no processo de internacionalização. Destas Gerdau, Sabó e Marcopolo já anunciaram a intenção de estabelecer uma unidade de produção em território chinês. Já a Vale, que tem a China como principal consumidor de seu minério de ferro e possui participação em duas joint-ventures produtoras de carvão mineral no país. `O que nós temos hoje é que aproximadamente três quartos do crescimento da economia mundial estão associados ao crescimento das economias das chamadas economias emergentes e um terço da taxa de crescimento do PIB mundial é representado pelo impacto da economia chinesa`, afirmou na semana passada o diretor de finanças da Vale, Fábio Barbosa, ao comentar o potencial de crescimento de negócios em minério de ferro e outros metais na região. De acordo com Luiz Carlos Ferreira de Carvalho, coordenador da pesquisa e do núcleo de negócios internacionais da Fundação Dom Cabral, a internacionalização das empresas brasileiras, e em especial para mercados tão diferentes do ponto de vista cultural e tão distantes mostra um grau de maturidade mais alto das corporações nacionais. `É comum no processo de internacionalização, buscar proximidade geográfica, cultural, lingüística ou de estilo de mercado, porque há maior facilidade em exercer as próprias competências`, explicou. `Instalar-se em outros países e competir com outras empresas internacionais em novos mercados são sinais de maturidade`, disse. De fato, as empresas brasileiras em geral iniciam a internacionalização pela América Latina. A Gerdau, por exemplo, que iniciou seu processo pelo Uruguai, com a compra da Siderúrgica Laisa, em 1980, já a Sabó entrou na Argentina, em 1992, com a aquisição da Wol e da Todaro. No entanto, a siderúrgica seguiu o processo pela América do Norte, principal consumidor de aço, e só mais recentemente entrou na Europa (em 2005, com a compra da espanhola Sidenor), a Sabó buscou a expansão primeiramente em território europeu, nos países sedes das montadoras, como Alemanha (1993) e França (2006). Este ano, a empresa inaugurou uma fábrica nos EUA. As duas companhia marcaram a entrada no mercado asiático em 2007, respectivamente na Índia e no Japão. Após fincar a bandeira em Portugal, Argentina, Colômbia, África do Sul, Índia e Rússia, a Marcopolo também busca oportunidade no mercado chinês. A direção da empresa não fala sobre o assunto, mas sabe-se que ela busca um parceiro local para viabilizar seu ingresso. A companhia possui hoje participação de 6% do mercado mundial e projeta aproximar-se de 9% já no começo da próxima década. Por enquanto, a Marcopolo empenha-se em elevar os níveis de nacionalização dos produtos montados no exterior, reduzindo o envio de ônibus completos e componentes a partir do Brasil. Dessa forma, deixa de se expor ao dólar fraco e, conseqüentemente, contribui para melhorar a rentabilidade. As duas operações mais recentes da Marcopolo no exterior, na Índia e Rússia, começam com produtos beirando os 100% de nacionalização. Carvalho enumerou um dos principais desafios para as empresas se internacionalizarem é o cenário econômico, mas destacou como relevante também a cultura empresarial brasileira e a falta de apoio de entidades governamentais e não-governamentais. `O Brasil tem pouca tradição em apoiar as empresas no processo de internacionalização`, disse citando exemplos a Malásia e os EUA de formação de executivos, analise de mercados e cobertura de risco-país. Carvalho indicou, como destaque do ranking deste ano, a Vale, que após a compra da Inco, realizada em outubro de 2006, subiu uma posição e ficou como segunda colocada. `Foi um movimento extremamente ousado e de sucesso, que levou a empresa a entrar para o seleto grupo das maiores mineradoras mundiais e uma das maiores empresas do mundo`, disse. Segundo a mineradora, a companhia se tornou, é atualmente a 33 maior empresa do mundo em valor de mercado. De qualquer forma, o novo ranking não pode ser fortemente comparado com o ano anterior, já que a metodologia mudou significativamente. No ano passado, eram levadas em consideração sete itens de empresas singulares. Neste ano, foram apenas três itens – a média das razões entre ativos, empregados e vendas no exterior sobre o total dos grupos empresariais, critério utilizado pela ONU. Carvalho afirmou que a mudança ocorreu por um acordo da Columbia com 13 nações e é o embrião para um posterior ranking internacional das economias emergentes, que poderá ser realizado em dois anos. O coordenador da pesquisa também destacou que a nova metodologia também permite a presença melhor posicionada na lista de empresas menores. `Pelo critério anterior pesava, por exemplo, a listagem em bolsas no exterior, o que ocorre principalmente com as empresas maior porte.
Gazeta Mercantil