Clube de investidor cresce com impulso de grandes empresas
06/08/07
A maior divulgação de informações sobre o mercado de ações por corretoras e pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em empresas de todo o País tem estimulado o crescimento dos clubes de investimento, que são grupos de pessoas físicas que se juntam para investir na bolsa, com o auxílio e intermédio de uma corretora, distribuidora de títulos, ou banco. Analistas apontam a Companhia Vale do Rio Doce como um ótimo exemplo desse segmento de aplicação, pois seus clubes têm a participação de funcionários de todos os cargos da empresa. “Muitas empresas que estão abrindo o capital agora oferecem essa opção aos seus funcionários”, conta Hélio Pio, gerente da Corretora Àgora. De acordo com informações da Bolsa, o número de novos clubes de investimento cresceu 164% na comparação de julho de 2006 com julho de 2007, passando de 28 para 74. Ao todo, em 2007, surgiram 398 novos grupos, que representam um crescimento de 56% sobre igual período de 2006, quando foram criadas 255 novos clubes de investimento. Para se ter uma idéia da maior procura por esse segmento de mercado, o patrimônio líquido dos clubes somou R$ 12,8 bilhões até junho de 2007, contra R$ 7,8 bilhões em junho do ano passado, num aumento de 64%. Também no acumulado até junho, o número total de cotistas dos clubes cresceu 18%, e passou de 125,1 mil até junho de 2006, contra 143,914 mil até junho de 2007. A ampliação dos clubes de investimento tem sido estimulada principalmente pelos programas de popularização da Bovespa, como o “Bovespa vai até Você”. A influência do processo de popularização da Bolsa na criação dos clubes fica evidente ao se constatar que dos 1.931 clubes já cadastrados, 1.762 (91%), foram criados a partir do início desse processo de divulgação, em setembro de 2002. Até julho de 2006 havia 1.517 clubes, 414 grupos a menos que o número atual. De acordo com informações da Bolsa, o volume financeiro movimentado pelos investidores – que são formados por investimentos de pessoas físicas individuais mais os investimentos dos membros dos clubes – cresceu 132% na comparação entre julho de 2006 e julho de 2007, passando de R$ 10,2 bilhões para R$ 23,7 no mês. Segundo especialistas de mercado, grande parte desse avanço deu-se por conta dos clubes. “As seqüenciais quedas da taxa básica de juros (Selic), somada a uma perspectiva de continuidade de queda dessa taxa têm estimulado investidores a aplicarem em ações, e os clubes apresentam-se como uma boa oportunidade, pois ajudam a diluir os riscos”, afirma o consultor financeiro Ricardo Borges. “Existe ainda o fator agravante de que muitas aplicações em renda fixa estão perdendo rentabilidade, o que induz a migração para aplicações mais ousadas”, diz. Para Celina Ramalho, professora FGV-EAESP e conselheira do Conselho Regional de Economia (Corecon), os clubes de investimento possuem um caráter forte de atratividade pois são considerados investimentos seguros e com resultados consolidados pelos que já aderiram. “Muitas entidades de classes têm aderido aos clubes. O fato de ser uma aplicação conjunta encoraja as pessoas que estavam oscilando entre investir ou não”, afirma. egundo o consultor de investimentos da Planner Finanças, Erasmo Vieira, os clubes são uma alternativa rentável, mas que embutem riscos, como qualquer aplicação em variáveis. Por isso não se deve destinar grande parte dos recursos disponíveis a eles, analisa. “O interessante seria um investimento de 10% do capital disponível”, afirma. Ao fim de julho, a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) contabilizava 278.305 contas de investidores pessoa física, sendo que ao fim de julho de 2006 eram 223.198 contas. A divulgação sobre o mercado de ações por corretoras e pela Bovespa tem estimulado o crescimento dos clubes de investimento, que acumulam R$ 12,8 bi em patrimônio líquido.
DCI