Conselho Nacional das Populações Extrativistas quer maior parceria com setor mineral
25/07/23
O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) pretendem estabelecer maior parceria para discutir o desenvolvimento socioambiental e econômico em bases sustentáveis da Amazônia. Segundo Júlio Barbosa de Aquino, presidente da entidade, as reservas extrativistas desempenham relevante papel nesse sentido e uma maior aproximação com a mineração responsável pode gerar ainda mais reflexos positivos para a região e suas populações.
“Mantemos uma boa relação com mineradoras na região norte, a exemplo da Alcoa, em Juruti (PA). Compreendemos bem o papel dessas companhias no desenvolvimento sustentável e precisamos nos envolver nas discussões relacionadas à questão minerária, uma vez que o garimpo ilegal é o grande desafio a superarmos e qualquer solução não pode ser elaborada isoladamente, mas sim pelo conjunto da sociedade”, afirmou, ao ser recebido, nesta 5ª feira (20/7), na sede do IBRAM, pelo diretor-presidente, Raul Jungmann. Júlio Barbosa estava acompanhado de Juan Carlos Rueda, assessor da presidência do CNS.
“A mineração representada pelo IBRAM se posiciona para combater o garimpo ilegal; para evoluir a segurança de processos e das pessoas; para assumir compromissos com a preservação, demonstrando sua responsabilidade nesta questão que preocupa toda a humanidade. São algumas das razões que nos motivaram a ‘abraçar’ a Amazônia. Discutir seus problemas e fazer parte das soluções”, disse Jungmann.
O presidente do CNS elogiou a iniciativa do IBRAM em promover articulações com autoridades, sociedade civil e setor produtivo para efetivar mais ações de combate ao garimpo ilegal e à comercialização de ouro dessa atividade criminosa. Júlio Barbosa relatou, por exemplo, que parte dos que atuam na ilegalidade da extração de minérios são pessoas, geralmente, sem qualificação e sem atividade econômica definida. Muitos não têm oportunidade de trabalho legalizado e acabam agindo na criminalidade, inclusive em facções, relatou o dirigente do CNS.
Conferência irá discutir questões relacionadas ao desenvolvimento da Amazônia
Raul Jungmann disse que a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, a ser realizada entre 30/8 e 1º/9, em Belém (PA), terá boa parcela de sua programação – elaborada a partir de propostas de 32 entidades – voltada a debater questões como essas.
“Serão 150 palestrantes, de várias partes do mundo, inclusive, personalidades como o ex-secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon. A ideia é manter discussões de alto nível, que possibilitem traçar caminhos para equacionar diversas temáticas envolvendo, por exemplo, os aspectos ambientais, socioeconômicos e políticos relacionados à Amazônia”, disse Jungmann.
Júlio Barbosa será, inclusive, um dos palestrantes da conferência. Ele deverá relatar como o setor extrativista tem se classificado entre as novas economias, ao preservar o verde e assegurar fonte de trabalho e de renda para as comunidades. A evolução do setor, a partir da criação das reservas extrativistas, tem resultado na montagem até mesmo de fábricas de produtos que ganham contratos de fornecimento no Brasil e na Europa.
“Temos uma fábrica que processa 80 toneladas de castanha-do-pará por mês. Fornecemos látex e borracha para indústrias, inclusive na França. Também desenvolvemos um segmento para manejo e processamento de pirarucu em lagos naturais, com capacidade para 1 milhão de quilos ao ano. Já vendemos o produto no mercado brasileiro e estamos em negociação para expandir para outros países”, disse Júlio Barbosa.
Além da produção com itens locais, ele ressaltou que as reservas extrativistas poderão contribuir para oferecer oportunidades voltadas à compensação de carbono por parte de setores econômicos, no Brasil e no mundo, a partir da regulamentação deste mercado no país.
Ao final da reunião, o dirigente convidou Raul Jungmann para a abertura da 6ª edição do congresso do CNS, a ser realizado de 6 a 11 de novembro, na Universidade de Brasília, quando a entidade irá celebrar seus 38 anos de criação.
Sobre o CNS
Tem a missão de representar trabalhadores agroextrativistas organizados em associações, cooperativas e sindicatos, formado por lideranças de diferentes segmentos agroextrativistas de todos os Estados da Amazônia. São seringueiros, castanheiros, coletores de açaí, quebradeiras de coco babaçu, balateiros, piaçabeiros, integrantes de projetos agroflorestais, extratores de óleo e plantas medicinais, entre outras modalidades.