Construção é o setor mais arriscado
04/09/07
São Paulo, 4 de Setembro de 2007 – É o que aponta estudo da Cyrnel que mede o potencial de perdas das ações na Bolsa. Em momentos de sobe-e-desce dos mercados – como o atual -, uma boa dica para o investidor que quer aproveitar uma queda nos preços dos ativos para entrar na Bolsa é antes analisar o grau risco da aplicação e sua sensibilidade a cenários de estresse. Hoje, o setor que mais oferece risco ao investidor é o de construção, revela estudo realizado pela Cyrnel International. Na contramão, finanças e petroquímica são os menos arriscados. Aplicar dinheiro em uma carteira composta apenas por papéis do setor de construção pode ser até 2,72 vezes mais arriscado do que o Ibovespa, índice usado como referência para a comparação. No ranking de maior risco, destacam-se ainda os setores de tecnologia, com um grau de risco 2,66 vezes maior que o Ibovespa, e de telefonia celular (2,42). O levantamento, que considerou as 100 ações que até ontem faziam parte da carteira teórica do IBrX-Brasil (o índice passou a ter uma nova composição), mede o potencial de perda do ativo ou carteira em relação a um benchmark, no caso a carteira teórica do Ibovespa, classificada com grau de risco 1. Se uma carteira apresenta grau de risco 2, isso significa que ela oferece o dobro do risco do Ibovespa. O analista responsável pelo estudo, Carlos Frederico Werneck, explica que a decisão de usar os papéis do IBrX-Brasil como base de cálculo do grau de risco setorial deve-se ao fato de o Ibovespa não ter empresas representativas de todos os setores. Essa não é a primeira vez que o setor de construção aparece na liderança do ranking de aplicações mais arriscadas. Para Werneck, a explicação está no fato de o setor estar em constante processo de expansão, como reflexo do aumento no crédito imobiliário e da melhora das condições de emprego e renda da população. “O setor virou moda. Assim como muitas empresas de construção correram para aproveitar a onda de abertura de capital, os investidores foram atraídos para o mercado num efeito manada”, diz. “As ações viraram alvo de especuladores, aumentando o potencial de flutuações de preços e, conseqüemente, seu grau de risco.” Já o setor de tecnologia, segundo Werneck, está entre os mais arriscados por incluir na sua composição empresas jovens, de menor tamanho e ligadas à inovação. No caso da telefonia celular, o maior grau de risco está associado ao fato de o setor estar em constante processo de reestruturação. “É difícil prever um comportamento padrão para as empresas do segmento e isso se traduz em volatilidade nos preço das ações”, afirma. Entre os setores que oferecem menos risco ao investidor, estão finanças e petroquímica, ambos com grau de risco 1,89. Energia aparece em seguida, com 2,10. Para Werneck, esses setores têm um menor grau de risco por serem considerados tradicionais e compostos por empresas de grande porte e bem estruturadas. O analista ressalta, ainda, o fato de esses segmentos serem beneficiados pela diversificação de empresas. No IBrX-Brasil, o setor de finanças, antes da mudança da carteira ontem, era representado por 15 instituições; petroquímica, por 9 empresas, e energia, por 8. A Cyrnel simulou ainda o potencial de flutuação de preços de carteiras setoriais num cenário de oscilação do Ibovespa de 10% para cima ou para baixo. O levantamento mostra que as ações de empresas de metalurgia e mineração seriam as mais afetadas, com variação de 12,4% para cima ou para baixo. Já uma carteira formada apenas por papéis da indústria automecânica apresentaria menor oscilação (4,02%). Para Werneck, simular o comportamento dos ativos em cenários de estresse pode ajudar o investidor a agir em momentos de incerteza. Werneck destaca ainda a importância de diversificação na hora de compor uma carteira. O analista lembra que carteiras compostas por ativos de diferentes segmentos tendem a sofrer menos em momentos de incerteza. O risco dos ativos é calculado por uma ferramenta batizada de RiscoOnline, com base nos fatores que podem afetar seu desempenho ou gerar risco para a carteira, entre eles histórico de variações dos preços das ações, tamanho da empresa, setor em que atua, endividamento e alavancagem.
Gazeta Mercantil