CRM investe em carvão menos poluente
10/05/07
Porto Alegre, 10 de Maio de 2007 – Empresa vai aplicar R$ 240 milhões para melhorar qualidade do insumo entregue para usina Candiota. A Companhia Riograndense de Mineração (CRM) vai investir R$ 240 milhões nos próximos três anos para abastecer com carvão a Fase C da termelétrica Presidente Médici (Usina de Candiota), localizada a 400 quilômetros ao Sul de Porto Alegre. Por exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a CRM produzirá um carvão que resulte em uma emissão até 50% menor de enxofre.
Segundo o superintendente de expansão da CRM, Rui Dick, serão aplicados R$ 80 milhões para elevar a capacidade de mineração da mina da companhia, localizada ao lado da termelétrica, e os outros R$ 160 milhões serão destinados a um a planta de beneficiamento de carvão, pátios de estocagem e correias para interligar todo o complexo.
“A CRM produz hoje para as fases A e B de Candiota 2 milhões de toneladas de carvão, mas que é apenas britado. Com esses investimentos vamos produzir 4 milhões de toneladas beneficiadas para as três fases”, diz o diretor da estatal gaúcha. Segundo ele, para obter o volume beneficiado necessário será preciso elevar a mineração para cinco milhões de toneladas por ano.
Conforme ainda Dick, a utilização de um carvão menos poluente foi uma exigência que o Ibama fez à Companhia Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) para conceder a licença ambiental da obra. A CGTEE, proprietária da usina, que será erguida por US$ 427 milhões, é o braço de geração térmica da Eletrobrás. A Fase C da usina, programada para gerar 350 megawatts (MW), deve entrar em operação em janeiro de 2010. Na própria termelétrica haverá um novo processo de dessulfurização e de redução da emissão de poeira na atmosfera.
Do montante necessário para o investimento, os R$ 80 milhões referentes à mineração devem sair do caixa da CRM. Os outros R$ 160 milhões estão sendo negociados com a CGTEE e a Eletrobras. A CRM quer começar a entregar o carvão para a fase C em outubro de 2009, para que a usina comece a formar estoque.
Para as fases A e B, CRM e CGTE têm um contrato para 1,6 milhões de toneladas por ano de carvão, mas, devido às necessidades maiores de geração de energia, o volume tem sido de 2 milhões de toneladas. Para a Fase C o contrato é de 1,655 milhão de toneladas, mas a CRM acredita que chegara também a 2 milhões.
Qualidade do produto
Sobre a eterna polêmica sobre a qualidade do carvão gaúcho, com alto teor de cinzas, que diminui o seu potencial calorífico, Dick admite que o produto tem uma empregabilidade limitada. “O nosso carvão tem vocação para o uso em termeletricidade, mas se comparado com o importado tem desvantagens para o uso industrial. Principalmente em Candiota, onde a mina está ao lado da usina”, explica. Dick lembra que a CRM chega a vender carvão de minas localizadas na região central do Rio Grande do Sul para Santa Catarina, mas o transporte para distâncias maiores se inviabiliza.
As reservas da CRM chegam a 3,137 bilhões de toneladas, sendo 1,8 bilhão em Candiota. As outras minas são as de Leão 1 (paralisada) e Leão 2 (arrendada), Boa Vista e São Vicente Norte (que deve ter a extração iniciada ano que vem para abastecer com 20 mil toneladas/mês a usina termelétrica de São Jerônimo, também da CGTEE). (Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 2)(Caio Cigana)
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