CVRD quer construir usina nuclear
08/11/07
Mineradora também pretende explorar reservas de urânio no Brasil, assim como já faz em outros países. A direção da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) disse ontem que a exploração de urânio é um de seus objetivos, assim como a construção de usinas nucleares para suprir sua demanda por energia. A informação foi dada na solenidade de assinatura do convênio para a criação de seu núcleo de pesquisa energética, em São José dos Campos, pelo presidente da mineradora, Roger Agnelli. “A energia nuclear é uma realidade, é uma tendência inevitável”, salientou. Atualmente, a companhia tem parcerias de exploração e extração do minério com a Austrália e Canadá. Porém, a Constituição brasileira estabelece que a atividade com urânio é prerrogativa exclusiva da União. Segundo Agnelli, porém, as conversações com o governo federal sobre uma possível parceria ou a criação de uma maior flexibilidade legislativa já ocorrem há mais de um ano. “O Brasil deve ser uma das maiores reservas de urânio do planeta, nosso interesse é estabelecer uma parceria com o governo para pesquisar o potencial do País”, afirmou o executivo. Em sua opinião, o processo em relação a esse mineral é de tal forma intrincada que chega a dificultar o próprio desenvolvimento nacional, pois existem empresas e entidades brasileiras que são consumidoras de urânio. A Vale do Rio Doce reforça a necessidade do urânio para tornar viável seu programa estratégico de energia, particularmente na construção de usinas nucleares. Agnelli disse que todas as possibilidades de fontes de energia disponíveis no Brasil são interessantes para suprir as necessidades crescentes da companhia em território nacional. “A Vale não quer ser auto-sustentável em energia, mas queremos ter um nível de flexibilidade e disponibilidade energética. O preço da energia brasileira é alto se comparado a outros países do mundo e precisamos manter nossa competitividade”, salientou o presidente.
A direção da companhia ainda revelou que há idéias que poderão ser desenvolvidas junto ao Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), particularmente em energia nuclear. O diretor-executivo do setor de energia e assuntos corporativos, Tito Martins, o foco da empresa tem três frentes: hidrelétrica, termelétrica e, em médio e longo prazos, no uso da energia nuclear. “O Brasil pode ser um excepcional exportador de urânio”, avaliou. O diretor-executivo afirmou ainda disse que os estudos estão, no momento, visando criar condições jurídicas que a iniciativa privada e a União poderem explorar o urânio. Isto estará, inclusive, aberto para outros parceiros. “É preciso ter alterações regulatórias, é o que estamos esperando”, informou Martins.
Gazeta Mercantil