Dia da Consciência Negra: setor mineral luta pela redução de desigualdades no ambiente de trabalho
20/11/22
A temática de Diversidade & Inclusão é uma das metas da Agenda ESG da Mineração do Brasil
Essencial para o desenvolvimento econômico do Brasil, a mineração busca manter atenção e empregar esforços permanentemente para evoluir em termos de diversidade e inclusão. Dentre os fatores que o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e seus associados defendem para a indústria mineral a inclusão de profissionais de diversas etnias.
O conceito de ESG tem ganhado força nos últimos anos, em escala internacional. Dados divulgados pela organização financeira Bloomberg, apontam que 80% dos investidores levam esses critérios para a tomada de decisões empresariais. Questões como raça/etnia, gênero, classe e orientação sexual fazem parte da Agenda ESG da Mineração – grupo Diversidade e Inclusão.
Para o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, embora seja clara mudança em prol da diversidade e inclusão, o setor ainda precisa evoluir. “Temos um longo caminho a percorrer. Entretanto, assumimos o compromisso de mudar e reduzir as desigualdades do setor mineral. Como uma das metas da Agenda ESG da Mineração do Brasil, reverter o cenário da desigualdade social e do preconceito com pessoas negras, também faz parte do trabalho desenvolvido pelo setor mineral nos últimos anos. A busca é por igualdade em todos os níveis hierárquicos das empresas”, ressalta.
Com uma trajetória profissional de mais de 15 anos, atuando em funções de governança corporativa nas áreas de auditoria externa e interna, compliance e controles internos, a Diretora de Sustentabilidade da BAMIN (Bahia Mineração S.A.), associada do IBRAM, Rosane Santos, precisou comprovar sua credibilidade para alçar voos maiores, especialmente por ser mulher e negra em um ambiente majoritariamente masculino.
Para a executiva, ser uma voz feminina em profissões “essencialmente masculinas” foi um grande desafio a ser vencido. Mas a dificuldade não impediu que Rosane subisse cada degrau da carreira que escolheu. Atuou como Diretora Corporativa de Sustentabilidade na Iguá Saneamento, empresa holding que controla algumas operações de saneamento no Brasil, e foi Presidente-Executiva do Instituto Nissan (Brasil), acumulando também a função de Gerente Sênior de Sustentabilidade para a América Latina na montadora de veículos japonesa. “Sempre contei com gestores, líderes e mentores que me apoiaram, me desafiaram, me orientaram a perseguir as ambições e desejos que faziam sentido para mim e para minha carreira, nos diversos momentos de validação”, pontua.
Em março deste ano, Rosane deu mais um passo em sua evolução de carreira: ingressou no setor mineral em um cargo de liderança. Assumiu a posição de Diretora das áreas de ESG (Environmental, Social and Governance), Relacionamento com Comunidades, Meio Ambiente e Comunicação Corporativa na BAMIN. “Nessa área, em que estamos todos em uma grande construção de conhecimento, o desafio [de ser uma voz feminina em meio aos homens] continua sendo posto à mesa constantemente”, reforça.
No entanto, a executiva entende que a participação das mulheres no setor mineral é tão desafiadora quanto nos outros setores da economia nacional e internacional. Muito disso se deve ao fato do contingente feminino ser menor que o de homens nas empresas, sendo essa diferença ainda mais acentuada quando se consideram posições de liderança. “É importante a gente entender e discutir diversidade e inclusão numa perspectiva social, em primeiro lugar. O desafio hoje é refletir nas organizações o que vivenciamos na sociedade. Somos um país majoritariamente feminino e negro. Esse gap surge de uma herança histórica que relegou às mulheres a um lugar secundário, para trabalho, voto e posicionamento de forma geral, mas que é resgatado a partir do momento em que compreendemos a sociedade em que vivemos. É essa proporcionalidade que as empresas são desafiadas a refletir em seu contingente, do cargo mais simples ao nível mais alto”, destaca Rosane.
A executiva explica que a temática de diversidade e inclusão começou a ser trabalhada na BAMIN antes da pandemia da Covid-19, com a criação de um comitê para coletar as expectativas, anseios e demandas da organização e compartilhá-los com a liderança. Nos últimos anos, no entanto, o tema arrefeceu, sendo retomado somente agora, com a criação do ESG na empresa. “Estamos resgatando esse tema e trabalhando ele como um elemento da cultura da companhia, ou seja, vai muito além de um programa. Nossos próximos passos serão trabalhar um diagnóstico/senso em toda a companhia, para termos uma foto mais atualizada da diversidade, na perspectiva de nossos colaboradores, e pensar em como podemos trabalhar essas leituras internamente”, reforça Rosane.
Em março deste ano, o IBRAM realizou a Diversibram – Semana da Diversidade e Inclusão na Mineração do Brasil. Na ocasião, foram debatidas as ações desenvolvidas pelo setor, o aumento do número de mulheres na mineração, os principais desafios na liderança inclusiva e as estratégias de atração de talentos. Confira o conteúdo no site.
Dia da Consciência Negra
Celebrada no dia 20 de novembro, a data faz referência à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na Região Nordeste do Brasil. O dia representa a luta da população negra e é um convite para que a sociedade debata sobre questões como diversidade, inclusão, desenvolvendo programas, projetos e ações para a redução das desigualdades sociais.