Empregos aumentam
23/07/07
Entre os indicadores positivos de desempenho da economia, a contratação de empregos formais tem sido um dado consistente por retratar a realidade sem retoque. O desemprego, sem dúvida, está entre os problemas de grande magnitude e difícil equacionamento por depender de fatores variados, entre eles, o crescimento sustentável. No primeiro semestre deste ano, foram criados mais de um milhão de empregos formais no País, um recorde para o período, quando comparado com a série histórica dos últimos anos. A previsão pessimista para o ano é da abertura de 1,6 milhão de postos de trabalho, seguindo a tendência registrada desde 2003, quando a meta para o governo era de 10 milhões no quadriênio. Esse um milhão de empregos gerados nos primeiros seis meses se distribuiu pelos serviços, indústria de transformação, agropecuária, construção civil e comércio. Em menor escala, ofertaram empregos a administração pública, a indústria extrativa e os serviços de utilidade pública. O mercado de mão-de-obra apresenta vicissitudes somente aceitáveis quando antevistas à luz dos contrastes nacionais. De saída, o desenvolvimento econômico não alcança taxa de desempenho capaz de absorver a demanda crescente, pressionada pelo contingente jovem em busca de trabalho. Depois, não há órgão estatal que concentre as carências das empresas de modo a preencher os claros existentes de acordo com as necessidades do mercado. Nos programas governamentais de triagem e encaminhamento de trabalhadores, as limitadas vagas para oportunidade de trabalho, quando aparecem, muitas vezes, não são ocupadas porque os candidatos não atendem às exigências cada vez mais sofisticadas de qualificação. Há completa disparidade entre os currículos das escolas médias regulares, inadequados para os tempos atuais, e o adestramento exigido pelos empregadores. Embora em escala reduzida, emprego existe. Não há mesmo é mão-de-obra para atender às novas tarefas do mercado exigente. Nos cursos profissionalizantes, pertencentes às instituições agregadoras do comércio, indústria e agricultura, que mostram estrutura de treinamento e capacitação de habilidades, o alunado esbarra no alto valor da mensalidade. Por deformação cultural, os cursos de preparação de mão-de-obra são procurados, na maioria dos casos, por clientela originária da baixa renda. O trabalho manual – especialmente – ainda hoje se destina a esse estamento. Em conseqüência, não é fácil encontrar um técnico em montagem de antena parabólica, em eletricidade residencial, em montagem de sistemas telefônicos, em manutenção de computadores ou de máquina de lavar. Essas são atividades do cotidiano, requeridas em ritmo crescente, mas para as quais as escolas não se voltam. Quando isso eventualmente ocorre, os preços dos cursos de nível médio são proibitivos. As estatísticas de emprego poderiam ser mais otimistas se, de fato, houvesse maior integração entre o mercado empregador e as agências qualificadoras dos trabalhadores.
Diário do Nordeste