Fadiga nas operações de trabalho é tema de seminário promovido pelo IBRAM
07/07/17
Um dos principais riscos de fatalidade e acidentes graves no setor produtivo brasileiro, a fadiga foi tema debatido durante o III Seminário “Fadiga nas Operações de Trabalho”, promovido pelo Programa MINERAÇÃO, do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). No encontro, ocorrido no dia 29 de julho em Belo Horizonte (MG), foram apresentados casos especiais de sucesso, além de conceitos e riscos ergonômicos que impactam diretamente nos processos produtivos. A capacitação foi voltada para gestores operacionais envolvidos na tomada de decisão da rotina organizacional; profissionais e gestores de saúde e segurança ocupacional e gestores de pessoal e recursos humanos.
Segundo a Coordenadora do Programa, Cláudia Pellegrinelli, a fadiga é uma síndrome, originária de diversos fatores (físicos, sociais, psicológicos, dentre outros). “Pode causar sonolência, lentidão e falta de disposição no trabalho, dificuldade para pensar, perdas de produtividade em atividades físicas e mentais, entre outros efeitos. Além disso, ela é, comprovadamente, uma das causas de perdas invisíveis de produtividade nas empresas”, explica.
Entre as mineradoras existe uma preocupação constante de melhorar a segurança do trabalhador. Para o palestrante e professor de Medicina do Trabalho e Ergonomia do Instituto Federal de Minas Gerais, em Ouro Preto, Marcelo Araújo Campos, o foco deve ser o fator humano. “A ergonomia cognitiva tem encontrado causas de desatenção, desânimo e desmotivação, relacionadas à organização e gestão do trabalho. Compreender esses achados abre novo campo para desenvolver eficiência, saúde e segurança do trabalhador”, explica.
Para gerenciar a fadiga nas operações de trabalho, Marcelo Araujo acredita ser fundamental que as ferramentas de gestão das empresas se reconectem com a realidade de trabalho. “Uma das razões dos gestores sofrerem e se fatigarem é não conseguirem encontrar metodologias de sistematizar essa reconexão. Elas existem (“Laboratório de Mudanças”; “Dispositivos de Retornos de Experiências”; “Auto-confrontação e confrontação cruzada”) e são sempre específicas a cada contexto de trabalho, explica. Segundo Marcelo é imprescindível a atenção de todos a fatores relacionados à fadiga, cansaço e dificuldades de atenção. “Os determinantes organizacionais desses problemas são muito mais abrangentes e impactantes, portanto tratá-los têm potencial de impacto mais profundo, além de propiciar também o desenvolvimento da eficiência dos processos produtivos”.
A síndrome da fadiga é frequente e promove perdas na quantidade e na qualidade de vida dos seus portadores. Também palestrante do seminário, o doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo, Raimundo Neto, acredita que vários acidentes leves e até fatais ocorrem em consequência do processo de fadigas agudas que se acumulam e finalizam normalmente depois de 6 meses em sérios problemas de saúde. “A cronificação deste estado grave de saúde promove sequelas no sistema cardiológico, na qualidade do sono, endócrino e mental (com redução da capacidade cognitiva) e tornam os portadores desta síndrome incapacitados definitivos. Infelizmente a síndrome não tem cura”. Para Raimundo, o seminário proporcionou mais uma chance de debater a implantação nas empresas de regimes de turnos com mecanismos de estratificação do risco, além de prevenção e manejo dos indivíduos vulneráveis sob controle. “A execução de procedimentos de estratificação contribui para avaliar a incidência e prevalência desta doença”.
Presente no evento, Sérgio Luiz do Nascimento, coordenador de Segurança e Medicina do Trabalho da Usiminas, avalia que a participação no seminário trouxe bons conhecimentos. “Durante o encontro aprendi que precisamos sempre trabalhar a organização do trabalho junto aos gestores na busca de um ambiente mais saudável e com menor risco de provocar fadiga”.
O seminário contou com a presença de aproximadamente 40 inscritos.