IBRAM faz balanço positivo da participação na COP28 e destaca o potencial da mineração na descarbonização global
15/12/23
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) considera muito positivos os resultados de sua participação na 28ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28). “Foi uma oportunidade ímpar para ressaltar, perante representantes de quase todo o planeta, o papel fundamental da indústria da mineração na descarbonização da economia e na construção de uma economia verde no Brasil e no mundo”, resume Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM. Ele e mais os diretores Alexandre Mello e Paulo Henrique Soares compuseram a comitiva do Instituto a Dubai, sede da COP28, e foram acompanhados por dirigentes das mineradoras associadas.
Esse papel da mineração ainda está sendo disseminado globalmente e deverá ganhar robustez nas próximas COPs, inclusive na COP30, que será realizada em Belém (PA). “Nas próximas COPs, em especial na COP30, no Brasil, certamente o setor mineral ganhará ainda mais relevância na sua associação com o delineamento de soluções efetivas para favorecer a transição energética de forma acelerada e crescente”, avalia Jungmann.
Segundo Jungmann, a COP28 reforçou a mensagem de que a mineração tem o potencial de ser uma protagonista nos esforços para combater as mudanças climáticas e deixar um legado sustentável para as futuras gerações. A urgência exigida das nações para acelerar as ações contra os efeitos prejudiciais das mudanças climáticas elevou a mineração à condição indispensável para enfrentar esse desafio. Durante a semana, o IBRAM participou de oito painéis na COP, onde demonstrou que a mineração brasileira é uma agente que exporta soluções para os parceiros comerciais do país.
Minerais críticos são estratégicos para a transição energética global
Dentro das negociações internacionais do high level, os países aprovaram no acordo final a transição do consumo de combustíveis fósseis para o de energias renováveis – transition away from. Ao contrário do que os cientistas do clima e especialistas desejavam, que seria a eliminação dos combustíveis fósseis – phase out.
Os minérios desempenham um papel crucial e estratégico no desenvolvimento das tecnologias necessárias para fornecer fontes limpas e contínuas de energia ao planeta. Não há possibilidade de transição para uma economia de baixo carbono sem os chamados “minerais críticos”, como lítio, nióbio, terras-raras, cobre, bauxita, tântalo, ferro, entre outros. Esses minérios são insumos essenciais para o desenvolvimento de tecnologias e equipamentos voltados para a transição energética.
Boa parte das atenções da COP28 se concentrou na substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis. Pela primeira vez os países presentes ao encontro concordaram que é preciso fazer uma transição energética para reduzir o uso dos combustíveis fósseis. Em suas operações, as mineradoras presentes à COP28 – como Vale, Gerdau e Hydro – relataram que fazem testes e já recorrem a fontes de energia renováveis e ainda apoiam clientes e fornecedores a fazer o mesmo, indo ao escopo 3 das emissões (onde está a maior emissão do setor), como forma de todos, em conjunto, reduzirem sua pegada de carbono, além de mapearem os riscos advindos dos eventos climáticos extremos e colocarem na estratégia dos seus negócios a adaptação climática.
Pacto do setor privado pela transição energética
Além disso, durante a COP28, o IBRAM, a IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo) e a ÚNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), firmaram um compromisso para promover a transição energética e a descarbonização. Essas organizações assinaram um termo com 17 compromissos em Dubai, que incluem iniciativas como a melhoria do desempenho energético e das emissões em toda a cadeia de valor, investimentos em tecnologias de descarbonização, defesa da criação do Mercado Brasileiro Regulado de Créditos de Carbono e muito mais.
US$ 1,2 trilhão de investimentos
Jungmann avaliou na COP28 que o Brasil possui uma janela de oportunidades na transição energética global, com um potencial de investimentos de US$ 1,2 trilhão até 2030, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Isso representa não apenas uma oportunidade para a transição energética, mas também para o país em termos de empregos e tecnologias. “O Brasil não pode perder essa oportunidade”, afirmou.
Agenda conjunta pela sustentabilidade do setor mineral
Em paralelo, a indústria da mineração brasileira está empenhada em se tornar ainda mais segura, responsável e sustentável, a fim de responder aos eventos climáticos extremos que afetam o planeta. Nesse sentido, o setor mineral está unificando estratégias e ações por meio da Agenda ESG da Mineração do Brasil, que prevê iniciativas em vários campos relacionados ao setor.
O IBRAM atualmente contabiliza o terceiro inventário de emissões da indústria mineral, e acaba de anunciar o projeto de descarbonização da indústria da mineração brasileira. Ambos os trabalhos serão base para a definição do Roadmap do carbono da mineração e para a definição de metas de redução das emissões no setor.
Mineração e agronegócio
Outro ponto alto da participação do IBRAM na COP28 foi em um painel destinado a avaliar e projetar as contribuições da mineração e do agronegócio para o futuro sustentável do planeta. Segundo Jungmann, mineração e agronegócio são setores com enorme potencial para fazer o Brasil liderar a agenda de combate aos efeitos danosos das mudanças climáticas. Os minérios são essenciais para a inovação tecnológica e ao desenvolvimento de equipamentos voltados, por exemplo, a ampliar as fontes de energia renovável. Já o agronegócio está na base dos biocombustíveis – etanol, biodiesel etc. -, ou seja, sinônimo de segurança energética limpa.
Mercado de créditos de carbono
No âmbito das negociações internacionais, as discussões sobre os Artigos 6.2 e 6.4 do acordo de Paris, que tratam do comércio de créditos de carbono entre países e a cooperação internacional por meio de projetos, caminharam lentamente. Entretanto, no Brasil aguardamos a çei que regulamenta o Mercado de Carbono. Ela trará a segurança jurídica e comercial desses créditos, beneficiando vários segmentos econômicos, entre eles, a mineração.
Desafios à frente
Os desafios para a expansão sustentável da mineração foram também abordados pelo diretor-presidente do IBRAM na COP28. Apenas 4% do território brasileiro possui mapeamento adequado para atividades minerárias. Além disso, é necessário o estabelecimento de linhas de financiamento alinhadas às características do setor mineral brasileiro. O país precisa desenvolver uma política nacional de estímulo à produção de minerais críticos para a transição energética, fortalecer e estruturar uma Agência Nacional de Mineração e estabelecer uma legislação que reconheça a mineração como estratégica para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do país, ao mesmo tempo em que reduz as barreiras impostas por entes federativos que impactam negativamente a atividade minerária com a criação de tributos e encargos sucessivamente.
“O IBRAM está comprometido em enfrentar esses desafios e trabalhar em estreita colaboração com o governo, parceiros e demais stakeholders para impulsionar a mineração sustentável no Brasil”, destacou o dirigente.
Leia aqui íntegra do Posicionamento da Indústria da Mineração sobre a Agenda de Mudança do Clima no Brasil.