Mercado vê vantagens na incorporação da anglo-suiça
24/01/08
Enquanto o governo tenta jogar “água fria” nos planos da Vale, ameaçando reprovar a operação através do voto da Previ e da BNDESpar no conselho de acionistas controladores da Valepar, por temer um aumento da internacionalização da empresa, o mercado torce para o negócio dar certo, apesar da débâcle das bolsas. A operação poderá encurtar o caminho para a multinacional brasileira se tornar a número um do setor de mineração, superando a BHP Billiton, caso esta não tenha sucesso em comprar a a rival Rio Tinto.O fato de as ações da Vale terem continuado ontem em queda nas bolsas de São Paulo (Bovespa) e de Nova York, enquanto os papéis da Xstrata subiram, acumulando aumento de 5,69% em dois dias, com a cotação voltando a 33,6 libras (a mesma de sexta-feira) , sinalizou para analistas que as negociações entre as partes continuam de “vento em popa”, apesar do mau humor do Planalto.Para Felipe Hirai, da ML, que nomeia entre as razões para a Vale comprar a Xstrata o fato da mineradora anglo-suiça ser um dos poucos grandes ativos do setor disponíveis para venda no mundo, uma potencial oferta da Vale pela concorrente vai exigir uma estrutura complexa de débito e equity (ações), incluindo aí a possibilidade da emissão de novas PNAs com direito a tag along (80% do valor pago pela ação de controle).A Xstrata dará, entre as dez vantagens para a Vale, a de ajudá-la a se tornar a maior empresa diversificada do mercado global de mineração e metais, por ter cobre, carvão e alumínio e presença de negócios em 18 países.Na oferta de compra projetada pela ML, a Vale fará uma dívida junto a bancos de US$ 50 bilhões para comprar a Xstrata e uma emissão de 1 bilhão de PNAs. O prêmio sobre as ações da Xstrata é estimado em 20%, o que pode levar a uma diluição do valor da empresa em 16%. No caso, não está afastado o risco de perda do grau de investimento pela Vale.O valor de mercado da Xstrata bateu ontem em US$ 64,3 bilhões na bolsa de Londres, enquanto o da Vale ficou na faixa de US$ 117 bilhões com base no cálculo envolvendo as negociações de suas ações na Bovespa. Com base nas contas da empresa, baseada inclusive nas ações em custódia em Nova York, o valor de mercado da mineradora brasileira atingiu US$ 125,9 bilhões. Neste início de ano, por conta dos vendavais que açoitaram as bolsas, a Vale perdeu quase US$ 40 bilhões em valor de mercado. Em 28 de dezembro, último pregão de 2007, a multinacional brasileira valia US$ 155,4 bilhões.
Valor Econômico