Mercados: Ibovespa caiu 3,37% e dólar aumentou 1,49%, após notícias sobre o setor de crédito no EUA
06/08/07
SÃO PAULO – O mercado brasileiro fechou a sexta-feira com desempenho negativo dos principais ativos financeiro locais. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou com forte queda, enquanto dólar e juros futuros avançaram. Novas informações negativas relacionadas ao mercado de crédito imobiliário dos Estados Unidos e dados mais fracos sobre a economia norte-americana sustentaram forte volatilidade, elevando a aversão a risco. O Ibovespa caiu 3,37%, aos 52.846 pontos. O volume financeiro foi de R$ 4,09 bilhões. Na semana, o índice perdeu apenas 0,14%. O dólar subiu 1,49%, a R$ 1,90 na compra e R$ 1,9020 na venda – na máxima do dia. O giro interbancário (D+2) somou aproximadamente US$ 1,6 bilhão, segundo informações do mercado. Na semana passada, a divisa apreciou-se 0,26%. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM & F), o contrato de DI para janeiro de 2010 subiu 0,16 ponto, a 11,29% ao ano. “Dados mais fracos de emprego nos EUA e a revisão na perspectiva de classificação de risco do Bear Stearns elevaram a aversão a risco, com os investidores trocando suas posições em ativos como ações e aplicações em emergentes para títulos do Tesouro norte-americano”, notou o gerente da mesa de câmbio da corretora Souza Barros, Vanderlei Arruda. Segundo ele, os agentes preferiram vender posições para evitar o risco de um cenário ainda pior na segunda-feira. Na sexta-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor´s rebaixou a perspectiva de nota do grupo Bear Stearns Cos. Inc. de “estável” para “negativa”. A decisão se deveu às preocupações de que o atual cenário de turbulência no mercado de crédito dos EUA possa prejudicar o desempenho da instituição no longo prazo. O Bear Stearns divulgou recentemente problemas em três fundos de hedge, relativos à exposição em hipotecas subprime. Ajudou a reforçar o viés pessimista o anúncio da American Home Mortgage Investment Corp., décima maior empresa de varejo de hipotecas dos EUA, de que encerraria na sexta-feira a maior parte de suas operações. A empresa já havia alertado que poderia liquidar ativos para fazer frente aos credores. Na pauta econômica, o governo dos EUA informou que a folha de pagamento não-agrícola registrou um acréscimo de 92 mil vagas em julho, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,6% no mês. Muitos economistas previam a criação de 130 mil vagas, com a taxa de desemprego em 4,5%. O setor de serviços nos EUA cresceu em julho a um ritmo mais brando do que o apurado um mês antes. O indicador ficou em 55,8 no sétimo mês deste ano, após os 60,7 de junho. Em Wall Street, o índice acionário Dow Jones cedeu 2,09% e o índice S & P 500 perdeu 2,66%. No segmento de títulos públicos norte-americanos, o treasury de dez anos indicou queda de 0,08 ponto percentual na remuneração ao investidor, a 4,69% ao ano. O movimento combinado de queda das bolsas e declínio no juro dos papéis do Tesouro dos EUA referenda a percepção de uma maior aversão a risco, com investidores buscando aplicações mais seguras. Na Bovespa, a queda nas commodities foi mais um agravante para o pregão local. As ações PNA da Petrobras – que respondem por 13,85% do Ibovespa, caíram 4,26%, a R$ 50,50, afetadas pelo recuo do petróleo. Os papéis ON da estatal cederam 3,70%, a R$ 58,45. O declínio nos preços dos metais também derrubou as ações da Companhia Vale do Rio Doce. Os papéis PNA da mineradora, que detêm a segunda maior fatia do indicador paulista, de 9,787%, cederam 4,63%, a R$ 76. As ações ON caíram 4,37%, a R$ 88,50. No quadro corporativo, fusões e aquisições ocuparam a atenção. Na noite de quinta-feira, a Vivo confirmou a compra do controle da Telemig e da Tele Norte Celular Participações (Amazônia Celular) por R$ 1,2 bilhão. Na tarde da sexta-feira, os agentes analisaram a notícia de que a Petrobras estaria em negociações finais para a aquisição da Suzano Petroquímica, em um negócio de pouco mais de R$ 2 bilhões. Após o fechamento da bolsa, o negócio foi confirmado. Na área cambial, a piora do humor internacional não intimidou o Banco Central (BC), que comprou dólares a R$ 1,8950 no mercado à vista de câmbio, em operação encerrada às 15h48, mas limitou o apetite da instituição. A estimativa é de que o BC tenha enxugado US$ 90 milhões. Foram aceitas sete propostas de seis bancos, sendo que nove das 17 instituições que participaram do leilão não divulgaram suas ofertas. No pregão de juros da BM & F, os agentes também analisaram o crescimento de 1,2% na produção industrial brasileira em junho no confronto com um mês antes, em termos dessazonalizados. Ante junho de 2006, houve elevação de 6,6%. Os números divulgados pelo IBGE superaram as estimativas de muitos analistas no mercado. Para o analista de renda fixa da Finabank, Rodrigo Betti Marques, embora o dado sinalize uma economia bem aquecida, o que poderia vir a gerar inflação, os últimos índices de preços mostram níveis que sustentam ainda algumas quedas da taxa Selic. Para o operador de juros de uma corretora no Rio de Janeiro, contudo, os dados permitem uma leitura de que, além de diminuir a magnitude dos corte do juro básico, a quantidade de quedas também poderia ser reduzida.
Valor Online