Mina Braúna adota tecnologia inovadora para dispor rejeitos finos em pilha e evitar construção das tradicionais barragens de rejeitos
03/10/17
A Mina Braúna, de propriedade da Lipari Mineração em Nordestina/BA, é a primeira mina de diamantes da América do Sul desenvolvida em depósito kimberlítico, a fonte primária do diamante. O empreendimento, em operação comercial há pouco mais de um ano, também é a primeira mina de diamantes a implementar tecnologia no desaguamento dos rejeitos finos para disposição em pilha, em substituição às tradicionais barragens de rejeito.
A solução inédita é composta por um espessador, equipamento amplamente usado na indústria mineral, que atua na separação de sólidos e líquidos, e, em uma segunda etapa, a grande inovação da Mina Braúna, a instalação de uma centrífuga para promover o desaguamento do “underflow” (lama) do espessador, aumentando, com isso, em mais de 95% o nível de recuperação de água de processo e reduzindo o consumo de água nova da captação do rio Itapicuru.
O material desaguado, constituído exclusivamente de minerais finos com umidade entre 30 e 35%, é agregado ao rejeito mais grosso e então transportado por correia até o silo, onde é feito o carregamento em caminhões com destino à pilha de disposição situada próxima à cava da mina.
“Investimos nesta tecnologia porque é benéfica ao meio ambiente e respeita as características da região onde o empreendimento está inserido. Importamos um equipamento da Alemanha que nos permite recuperar mais de 95% da água usada no processamento do minério kimberlítico, reduzindo consideravelmente a captação de água necessária à operação”, afirma o presidente da Lipari Mineração, Ken Johnson. Ele acrescenta ainda que o beneficiamento do minério não utiliza produtos químicos e o material seco produzido pela centrífuga é inerte, ou seja, não é prejudicial à saúde de pessoas e ao meio ambiente.
O executivo explica como se dá o processo: “Via de regra, o underflow (lama) gerado pelo espessador é direcionado às barragens. O tratamento desse material na centrífuga proporciona alto desempenho na recuperação de água, além de permitir o armazenamento da fração sólida em pilha, por apresentar baixa umidade. Essa tecnologia é revolucionária no tratamento de rejeitos de mineração e muito mais amigável ao meio ambiente em relação às tradicionais barragens de rejeitos”.
Os resultados do uso dessa tecnologia estão diretamente associados às premissas da sustentabilidade ao passo que reduziu consideravelmente a captação de água no rio local. O consumo médio de água na planta de beneficiamento é da ordem de 669 m³/h. Desse total, 660,5 m³/h são direcionados para o espessador (primeira etapa), enquanto 8,5 m³/h são perdidos na fração grossa do rejeito devido ao tratamento a úmido. A centrífuga, por sua vez, recebe 45 m³/h de água, parte contida no underflow (lama) do espessador e parte na preparação para sua operação. A centrífuga consegue separar as fases líquida e sólida com considerável eficiência. O rejeito fino ainda sai com cerca de 30% de umidade, o que corresponde à uma taxa de 6,4 m³/h de água junto ao sólido, e recupera, devolvendo ao espessador, 38,6 m³/h de água. Por fim, o Reservatório de Água de Processo recebe e devolve para a operação da planta 654 m³/h, o que representa cerca de 98% de recuperação de água no processo. Os valores demonstrados em cada etapa podem variar, a depender de uma série de fatores, no entanto é capaz de manter, em condições normais de operação, índice de recuperação constante superior à 95%. “Toda água do desaguamento promovido pela centrífuga é destinada ao processo, com excelente nível de clarificação”, ressalta o Vice-presidente e Diretor de Operação da Lipari Mineração, Fernando Aguiar, frisando que é importante destacar que a centrífuga opera juntamente com uma estação de polímeros para garantir essa performance quanto a qualidade da água a ser processada.
Pode-se somar aos benefícios do emprego dessa tecnologia a minimização de impactos e diminuição de risco de acidentes ambientais, além de menor custo de construção e manutenção quando comparada com a barragem de rejeito.