Mineradoras triplicam produção de níquel
24/09/07
São Paulo, 24 de Setembro de 2007 – Investimentos em novos projetos devem alcançar US$ 7,7 bilhões entre 2007 e 2011. A produção brasileira de níquel deve triplicar no ano que vem, com a entrada em operação de novos projetos e expansão de minas atualmente já em operação. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a produção passará dos patamares atuais de 80 mil toneladas para cerca de 240 mil toneladas e atingirá 286 mil toneladas em 2011. Tal incremento será resultado de investimentos de US$ 7,7 bilhões. `O impulso foi dado nos últimos dois anos, em que o preço do níquel subiu e atingiu cifras recordes`, explicou o presidente da entidade, Paulo Camillo Penna. Segundo estimativas do Grupo de Estudos Internacional do Níquel (INSG), o uso do níquel aumentou cerca de 12% no ano passado, para 1,4 milhão de toneladas. Penna destacou que o níquel é um mineral estratégico, com uso crescente em diversos setores da indústria, com destaque para informática, aeronáutica e energia, especialmente a nuclear. Além disso, também cresce o consumo de aço inoxidável, que tem no metal um dos principais insumos. Estima-se que a demanda por inox cresça 4,5% por ano em média, até o final desta década. Como em dois anos a produção de níquel primário cresceu abaixo da expansão do consumo, ou 8,3%, para 1,35 milhão de toneladas, a cotação do metal explodiu e hoje está 120% acima do preço de dois anos atrás, passou de US$ 13,7 mil por tonelada, em setembro de 2005, para US$ 30,2 mil, na média de agosto passado. Ainda assim, o preço atual já está cerca de 38% abaixo da cotação média de abril, que ficou em US$ 48,7 mil por tonelada. `A compra da Inco pela Vale (Companhia Vale do Rio Doce), no ano passado, foi muito importante, porque a Inco tem uma grande expertise na produção de níquel e poderá haver transferência de tecnologia para o País`, destacou Penna. A Vale é uma das principais investidoras em projetos de níquel dentro e fora do Brasil. A estratégia da companhia é aumentar a diversificação de produtos de modo a reduzir a participação do minério de ferro em seu faturamento, que no ano passado representou 46,7% do total da receita de US$ 25,7 bilhões. Para 2007, a Vale definiu investimentos de US$ 1,69 bilhão em projetos de níquel. Do volume total, 44% serão aplicados no Brasil. O principal projeto da companhia hoje em andamento no País é o Onça Puma, no Pará, no qual serão aplicados um total de US$ 1,4 bilhão, dos quais US$ 658 milhões neste ano. A unidade terá capacidade para produzir 58 mil toneladas por ano de níquel e deverá iniciar operação no final do ano que vem. O outro projeto da companhia, Vermelho, também no Pará, ainda deve passar por aprovação do conselho da companhia. Orçado em US$ 1,2 bilhão, o projeto tem capacidade de produção estimada em 46 mil toneladas de níquel metálico. Em recente entrevista à imprensa, o presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou que a meta é chegar ao final de 2011 com uma produção perto de 500 mil toneladas, considerando também a capacidade dos ativos da Inco, `que está se mostrando bastante factível`. Além da Vale, a Anglo American e a Votorantim Metais também estão investindo em projetos de níquel no País. `Por muito tempo os produtores de níquel não investiram em ampliação e quando a demanda começou a crescer, por conta da China, ninguém estava preparado`, explicou o presidente da Anglo American Brasil, Walter De Simoni, quando anunciou investimentos de US$ 1,2 bilhão no projeto de Barro Alto (GO), que terá capacidade para produzir 36 mil toneladas por ano de níquel contido em liga de ferro-níquel. Atualmente o projeto está em fase de terraplanagem, que deverá ser concluída no início de 2008, quando começam a chegar os primeiros equipamentos. Segundo a empresa, os grandes pacotes tecnológicos já foram adquiridos e os demais estão em processo de compra. A unidade está prevista para iniciar operação em 2010 e a expectativa da empresa é de que a unidade atinja capacidade total em 2011. Já a Votorantim Metais anunciou no final do ano passado investimentos de R$ 558 milhões na construção de uma nova unidade para produção de ferro-níquel, com capacidade para produzir 42,4 mil toneladas por ano de ferro-liga no município de Niquelândia (GO), onde a empresa já possui uma unidade de beneficiamento de níquel. Investimentos de US$ 28 bi Camillo Penna também destacou investimentos em outros minerais, como minério de ferro, cobre, bauxita, ouro e fosfato. `A demanda por diversos minérios está muito forte, não apenas pela entrada da China como importante ator, mas também porque outros grandes consumidores, como a Alemanha, a Coréia, e a Índia tem crescido bastante`, disse. `E o Brasil tem um ótimo potencial porque só 30% do território tem um levantamento mineral adequado`, ressaltou. Segundo o Ibram, no total a produção mineral deve receber investimentos de US$ 28 bilhões entre este ano e 2011, sendo 34,3% em minério de ferro, cuja produção crescerá 55,8% no período, para 495,9 milhões de toneladas. Já o cobre receberá investimentos de US$ 1,12 bilhão, o que fará com que a produção cresça 154%, para 376 mil toneladas. `Com isso, até 2010 teremos auto-suficiência em cobre`, disse. O destaque é o projeto da Vale de Salobo I, que sozinho deve ampliar a produção em 100 mil toneladas de cobre contido em concentrado e cuja previsão é entrar em operação em 2010. Os dados do setor serão discutidos no 12º Congresso Brasileiro de Mineração, que acontece entre hoje e 27 de setembro, em Belo Horizonte (MG). kicker: Segundo estimativas do Grupo de Estudos Internacional do Níquel, o uso do metal cresceu 12% em 2006, para 1,4 milhão de toneladas