Minério: demanda pressiona preços
03/10/07
Para analista, reajuste não será maior porque a economia dos Estados Unidos não se encontra aquecida. O reajuste do minério de ferro para 2008 e também para os próximos anos vai depender das próprias mineradoras, conforme o analista da ABN Amro Corretora, Pedro Galdi. De acordo com ele, o aumento da demanda mundial pela commodity, bem acima da capacidade de oferta, deverá continuar pressionando o preço do mineral, dando às empresas maior poder de fogo nas negociações. Para o ano que vem, alguns especialistas já apontam elevação de cerca de 10% para os contratos anuais e alta de até 30% no mercado spot (à vista). O analista reiterou que a principal razão para o aumento da demanda é o aquecimento da economia chinesa. “A elevação do preço do minério de ferro só não será maior porque a economia norte-americana está desaquecida”, afirmou.
No acumulado do ano até agosto, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Minas Gerais exportou US$ 2,951 bilhões, um valor 28% acima dos US$ 2,305 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. Entretanto, Galdi alertou para a necessidade de planejamento das mineradoras, assim como a contratação de linhas de financiamento, uma vez que a alta da demanda exigirá expansão e instalação de novas unidades. “Neste setor, os empreendimentos não acontecem do dia para a noite”, disse. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o setor investirá no país, no período de 2007 a 2011, cerca de US$ 28 bilhões, sendo US$ 9,6 bilhões referentes aos aportes no segmento de minério de ferro. Para o ano que vem, o analista prevê dificuldades de acesso das empresas a máquinas e equipamentos que são utilizados na atividade minerária, pois a elevação da demanda vai exigir ampliação, por exemplo, da malha ferroviária, da frota de caminhões e de mais pneus para foras-de-estrada. E isso manterá o cenário de pressão sobre o preço do insumo não só para 2008, como também para os próximos anos. As mineradoras de ferro em operação no país farão investimentos de US$ 9,6 bilhões até 2011Corrida – Em relação às mineradoras instaladas no país, Galdi comentou que as grandes já estão acompanhando a tendência de alta mundial pela commodity, como a MMX Mineração e Metálicos, que está investindo na expansão da produção e na construção de um mineroduto que vai de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas (ambos municípios do Médio Espinhaço) até o Rio de Janeiro, e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que ampliará a extração de cerca de 265 milhões para 300 milhões de toneladas (13,2%), de 2006 para 2007, e ainda prevê atingir 450 milhões de toneladas até 2011. Em relação à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que possui a mina Casa de Pedra, localizada em Congonhas (Campos das Vertentes), Galdi ressaltou os projetos de expansão da lavra, mas frisou que eles só serão totalmente concretizados após a definição do imbróglio entre a CSN e a CVRD. As duas mineradoras disputam na Justiça o ativo que concede à Vale o direito de preferência para comprar o minério que não for utilizado pela siderúrgica. Na semana passada, o analista de commodities da Goldman Sachs, Paul Gray, que esteve em Belo Horizonte para participar de um congresso do setor de mineração, informou que a China deverá importar neste ano cerca de 380 milhões de toneladas de minério, o que representará, aproximadamente, 50% das importações mundiais. Para 2010, a expectativa é de que este percentual atinja os 57%.
Diário do Comércio