MMX negocia trecho de ferrovia com a Vale
23/01/08
Poucos dias depois de anunciar um plano de reestruturação que inclui a venda de ativos de mineração para a Anglo American por US$ 5,5 bilhões, o empresário Eike Batista revelou ontem que a MMX está em negociação com a Vale, controladora da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), para assumir um trecho entre as cidades de Campos (RJ) e Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto (MG), que atualmente está desativado. ?Hoje, eles (Anglo American) vão se concentrar mais na parte de mineração e nós vamos nos concentrar mais na parte de logística?, diz Eike. Segundo o empresário, a MMX está em negociações para reativar o trecho, completando o ramal entre Campos e o Porto de Açu, no Rio. ?Isso vai ajudar Minas Gerais a ter um novo corredor de porte mundial?, afirma. Para Eike, os sistemas Minas-Vitória e MRS ?estão razoavelmente ocupados?. De acordo com o empresário, o projeto também inclui a abertura de um ramal entre Campos e o Porto de Açu. Seria um novo corredor com grande potencial para a exportação que poderia ter como clientes a Fiat e a Iveco, entre outras companhias instaladas no Estado. ?É um trecho importante, que teria carga suficiente para ser viável?, avalia. A recuperação dessa linha, que teria aproximadamente 650 quilômetros de extensão, demandaria investimentos de R$ 2,5 bilhões. A expectativa é que a linha entre em operação juntamente com o Porto de Açu, dentro de três anos. O empresário também não descartou novas aquisições no setor de mineração, incluindo o segmento de urânio, apesar de sinalizar que o novo foco de atuação será mesmo a área de logística. Após a reestruturação, a nova MMX (resultante da cisão de ativos) ficará com as mineradoras Minerminas e AVG – ambas localizadas na região mineira da Serra Azul -, com o projeto de Corumbá e com 50% de uma pelotizadora que será criada próxima ao Porto de Açu. A partir de 2023, a MMX também passará a receber royalties sobre minério vendido pela Anglo. Segundo o empresário, apenas a AVG, que atualmente produz entre 4 milhões e 5 milhões de toneladas/ano, poderá produzir 15 milhões de toneladas nos próximos três anos. ?Vamos investir em novas aquisições. Em qualquer projeto rentável, o grupo vai estar envolvido?, avisa. A mina de Corumbá produz hoje 2,2 milhões de toneladas e deve atingir o patamar de 4,9 milhões de toneladas até 2010. A Minerminas deverá atingir um volume de 2,6 milhões de toneladas este ano. A reestruturação acionária da MMX foi a pauta do encontro ocorrido ontem, no Palácio da Liberdade, entre o empresário e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Eike chegou acompanhado da presidente da Anglo American, Cynthia Carrol. A Anglo pretende investir US$ 16 bilhões no Brasil para ampliar a participação no mercado transoceânico de minério de ferro. Boa parte dos recursos deverá ser aplicada na ampliação da produção do sistema Minas Rio, localizado na região de Conceição do Mato Dentro (MG).
O Estado de S.Paulo