Ouro tem recorde com falta de energia na África
26/01/08
Sem eletricidade, minas de extração estão totalmente paralisadas
A cotação mundial do ouro registrou um novo recorde ontem em meio à paralisia das minas na África do Sul, provocada pela falta de eletricidade que afeta a primeira economia do continente e que o governo chamou de “urgência nacional”. As três gigantes da mineração operam neste país, primeiro produtor de ouro mundial, suspenderam suas atividades. AngloGold Ashanti, Gold Fields e Harmony tomaram esta decisão depois de terem sido informadas pela companhia pública de eletricidade Eskom de que o fornecimento de luz às minas não estava garantido. A maior produtora mundial de diamantes, a De Beers, anunciou nesta sexta-feira a suspensão de suas atividades, pela mesma razão.”A ventilação mínima, o sistema de bombeamento, a iluminação e todos os serviços que dependem da eletricidade vão continuar, mas as operações cotidianas serão interrompidas”, explicou um porta-voz do diamantista, Tom Tweedy, dizendo que diminuiria o consumo de energia ao mínimo necessário.Já a Gold Fields explicou em um comunicado que a Eskom tinha pedido “a maior redução do consumo de eletricidade possível”.A Harmony, por sua vez, contou à AFP que seus mineiros foram mandados de volta à casa.Enquanto isso, a AngloGold Ashanti anunciou que mantém em funcionamento apenas as atividades de bombeamento nas galerias inundadas por fortes chuvas.Depois deste anúncio, o ouro alcançou novos recordes, fechando ontem, em Londres, a U$S 923,73 a onça. O governo qualificou a atual crise energética de “urgência nacional” e pediu desculpas, prometendo uma melhora da situação para a Copa do Mundo de futebol de 2010.O governo deseja diminuir a demanda por meio do aumento das tarifas, de quotas de racionamento, de economia de energia, assim como o uso do gás e da energia solar.Ainda nesta semana, a Eskom foi autorizada a aumentar suas tarifas em 14,2%, muito além da taxa oficial de inflação do país, que é de 7%.A África do Sul, onde a capacidade de produção é de 38,5 mil megawatts, pretende economizar 3,5 mil megawatts até 2010. Desde o início do ano, muitas regiões do país vêm sofrendo com freqüentes desabastecimentos de energia, o que obrigou a Eskom a promover cortes sistemáticos; Joanesburgo foi a mais afetada.Os analistas alertam, no entanto, contra a possibilidade de uma fuga de investidores do país. (Da Agência France Press)
Correio Popular – SP