Preço do minério de ferro sobe 65%
19/02/08
A Companhia Vale do Rio Doce (Vale) surpreendeu o mercado e ganhou pontos para as negociações de compra da Xstrata ao anunciar, ontem, que emplacou um aumento de 65% no preço do minério de ferro para as siderúrgicas asiáticas. Para a matéria-prima de melhor qualidade explorada na mina de Carajás, o chamado minério fino, o acréscimo foi de 71%. O reajuste chama atenção porque acontece depois de um aumento 185% nos últimos cinco anos, durante a expectativa de uma crise na economia americana e do menor ritmo de crescimento da produção siderúrgica na China.
Seis siderúrgicas – cinco japonesas e uma coreana – fecharam novos contratos de fornecimento com a Vale que começam a valer em abril. A mineradora informou reajustes para a coreana Posco e as japonesas Sumimoto, Nisshin Steel, Kobe Steel, JFE Steel Corporation (JFE Steel), Nippon Steel Corporation (NSC – a maior do Japão). Também há rumores de que ela já teria fechado com a alemã ThyssenKrupp. A partir das negociações, a tonelada de minério de ferro passará de US$ 46 para US$ 76,60, sem considerar o custo do frete. Com o preço de transporte, o preço final chega a US$ 110 por tonelada.
A mineradora brasileira saiu na frente das concorrentes BHP Billiton e Rio Tinto e deve determinar os preços de mercado de 2008, conforme o praxe: o primeiro reajuste sempre dita as negociações seguintes. Mas as concorrentes, mesmo assim, querem emplacar aumentos maiores que o da Vale, idéia que já haviam manifestado antes do desfecho das negociações entre a companhia brasileira e as siderúrgicas asiáticas.
– Podem esquecer. Esse reajuste será para todas, como sempre ocorre. Se eu fosse chinês, bateria o pé para as outras e não daria o diferencial do frete – disse um analista, que não se identificou porque está impedido de fazer comentários sobre a Vale até que as negociações com a Xstrata sejam concluídas.
Aliás, com o fechamento de contratos a valores tão positivos, e antes do que o mercado esperava, pode reforçar a proposta de aquisição da mineradora da inglesa Glencore, para o analista Rodrigo Ferraz, da Brascan:
– Há uma mensagem subliminar aí. A Vale diz que vai aumentar a produção e, além disso, vendê-la a preços 65% maiores, mesmo diante de tantos aspectos que poderiam enfraquecer o mercado, como a crise americana.
Jornal do Brasil