Rússia se nega a impor novas sanções ao Irã por programa nuclear
28/09/07
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, se negou hoje a impor mais sanções ao Irã por seu programa nuclear, porque interfeririam no recente acordo de Teerã com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Segundo fontes diplomáticas citadas pela agência russa de notícias Itar-Tass, Lavrov disse que “qualquer interferência na resolução do problema nuclear iraniano com sanções equivale a sobrepujar o trabalho da AIEA”. Tais declarações, que foram feitas durante uma entrevista coletiva exclusiva para meios de comunicação russos, deixam clara a posição de Moscou antes da reunião desta sexta-feira entre Rússia, Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Alemanha para analisar eventuais novas sanções ao Irã, por sua recusa em deter seu processo de enriquecimento de urânio. O Irã pactuou em 21 de agosto último com a AIEA que cooperará para tentar esclarecer até o fim do ano a origem de seu programa nuclear. Este processo poderia durar até dezembro e os EUA e seus aliados europeus suspeitam que o acordo é um estratagema de Teerã para ganhar tempo em seu suposto plano para fabricar armas nucleares. Além disso, especificam que não responde às resoluções anteriores do Conselho de Segurança (CS). O representante dos Estados Unidos na ONU, Zalmay Khalilzad, criticou o raciocínio defendido hoje por Moscou. Na sua opinião, “o acordo não pode ser utilizado como um escudo para proteger o Irã do fato de não ter colocado em prática as resoluções do Conselho de Segurança com relação ao enriquecimento de urânio, alvo de duas solicitações de suspensões”. Sem o sinal verde de Moscou e Pequim, que têm poder de veto, o CS não pode proporcionar uma terceira etapa de sanções a Teerã. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou na última terça-feira (25) em seu discurso na Assembléia Geral da ONU que seu país “dá por encerrado” o assunto de seu programa nuclear e que o deixa sob controle da AIEA.
Folha de S.Paulo