Sarkozy diz confiar em árabes com energia nuclear
26/07/07
TRÍPOLI – O presidente francês, Nicolas Sarkozy,firmou um acordo de cooperação nuclear com a Líbia e disse queo Ocidente deveria confiar no uso pacífico dessa tecnologia porparte dos países árabes, sob o risco de provocar uma guerra decivilizações. A França decidiu na quarta-feira ajudar a Líbia adesenvolver um reator nuclear que permitirá a dessalinização daágua do mar, tornando-a potável. O reator pode ser fornecidopela empresa francesa de energia nuclear Areva. Sarkozy disse a jornalistas na Líbia que considerar que omundo árabe “não é sensível o bastante para usar a energianuclear civil” poderia, em longo prazo, provocar “uma guerra decivilizações”. “A energia nuclear é a energia do futuro”, disse ele. “Senão dermos a energia do futuro aos países do sul doMediterrâneo, como eles vão se desenvolver? E, se não sedesenvolverem, como vamos combater o terrorismo e o fanatismo?” Muitos países do Oriente Médio, alguns deles preocupadoscom o programa nuclear do Irã, estão interessados emdesenvolver a energia atômica. Claude Gueant, chefe de gabinete de Sarkozy, lembrou que acooperação nuclear implica que “um país que respeita as regrasinternacionais pode obter energia nuclear civil”. Sarkozy, que na quinta-feira viaja para o Senegal, evitouvincular o acordo nuclear à libertação, nesta semana, de seisprofissionais de saúde que passaram oito anos presos e foramcondenados na Líbia pela acusação de terem contaminado criançascom o vírus HIV. O presidente francês ajudou a mediar o acordo entre Trípolie a União Européia para a libertação das enfermeiras búlgaras ede um médico palestino. O caso representa um dos últimosobstáculos nas relações entre a Líbia e o Ocidente. “A única ligação que se pode fazer é que, se as enfermeirasnão fosse libertadas, eu não teria vindo”, disse Sarkozy. A Areva, maior fabricante mundial de reatores nucleares,atende a todo o ciclo nuclear, da mineração ao tratamento dedejetos. A Líbia anunciou em fevereiro uma parceira com a Arevana exploração e mineração de urânio. Em dezembro do ano passado, vários países do golfo Pérsicoe a Arábia Saudita anunciaram um projeto nuclear conjunto parafins pacíficos, principalmente a dessalinização da águamarinha. O Egito, que suspendeu seu programa nuclear depois doacidente na usina soviética de Chernobyl (1986), cogitaretomá-lo para atender à sua demanda por energia e poupar asreservas de gás e petróleo. Líbia e França também firmaram na quarta-feira parceriaspara os setores da indústria bélica, da pesquisa científica eda educação superior. “Estou tentando tranquilizar uma parte do mundo árabe”,disse Sarkozy. “Há a Líbia, mas todos os outros Estados árabesestão olhando a forma como a Líbia será tratada depois dalibertação das enfermeiras.” As relações entre Paris e Trípoli se deterioraram depois deum ataque contra um avião francês em 1989. A França condenouseis líbios à revelia, mas Trípoli negou qualquerresponsabilidade. O Ocidente suspendeu as sanções à Líbia depois de o paíster abandonado seus programas de armas de destruição em massa.Agora, as potências mundiais disputam espaço de olho emlucrativos contratos de infra-estrutura no país do norte daÁfrica, que é rico em petróleo.
O Estado de S.Paulo