Setor mineral abre mais portas para os geólogos
28/05/07
DemandaProfissão está em alta e possui vasto campo de atuação no Norte
O mercado de trabalho é promissor e o piso salarial na região Norte, animador. Motivos suficientes para a profissão de geólogo estar em alta. O potencial minerador do território paraense, somado à presença de grandes minas em funcionamento no Estado e o surgimento de novos empreendimentos demonstram que o setor vai muito bem. Bom para os profissionais, que comemoram o seu dia no próximo 30 de maio.
Em laboratórios, escritórios ou no campo, o geólogo pode atuar em dez áreas diferentes: paleontologia, petrologia, pesquisa mineral, geologia de petróleo, hidrogeologia, geotécnica, geoquímica, geofísica, geologia marinha e geologia ambiental.
Diferente de outras profissões, em que a atividade é realizada em escritórios ou recintos fechados, o geólogo divide seu tempo entre a pesquisa de campo ao ar livre e o trabalho de laboratório e escritório. No Pará, segundo o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea/PA), ao todo são cerca de 750 geólogos. Destes, apenas 300 habilitados a trabalhar na área. Com uma demanda crescente por novos profissionais, o setor oferece a expectativa de boas oportunidades aos estudantes do curso de geologia da Universidade Federal do Pará, que por ano oferta 40 vagas no seu processo seletivo.
É essa variedade de oportunidades que atraiu o estudante Roberto Barbalho Leal Segundo, que cursa o 8º semestre de geologia na UFPA. `Conversei com várias pessoas antes de me decidir pelo curso. A diversidade do campo de atuação também foi uma vantagem que pesou na minha escolha, porque o trabalho não fica restrito a uma única atividade e as chances de conseguir uma colocação são maiores`, avalia.
Um aspirante a geólogo, além da afinidade com física, química, biologia e matemática, precisa gostar do contato com a natureza e ter espírito aventureiro. Segundo Roberto, dos 20 formandos de 2006, 13 seguiram os estudos de especialização e 7 foram contratados imediatamente. `O mercado está aquecido e quem se forma logo é absorvido`, diz ele.
Leque de atividades é cada vez mais amplo
Você já parou para procurar o que não perdeu? Procurar o que não se perdeu é como uma senhora do interior de Tocantins certa vez definiu o trabalho de um geólogo durante uma pesquisa de campo de um grupo de universitários da Universidade Federal do Pará (UFPA), concluintes do curso. Quem conta é Alberto Rogério da Silva, geólogo com mais de 30 anos de experiência, consultor de várias empresas de mineração e do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
`Sem dúvida, uma definição adequada e precisa que nenhum dos concluintes do curso teve a destreza de balbuciar`, comenta Rogério. A verdade é que é comum associar a imagem do geólogo como o profissional que pesquisa rochas. `Em função dos trabalhos feitos durante os primeiros levantamentos geológicos do país, isso ficou bem marcante na sociedade. Todavia, os avanços da ciência e da tecnologia fizeram com que outros campos fossem sendo demandados`, explica.
Segundo ele, a própria legislação não deixa de ser um novo ramo de trabalho. `Eu, por exemplo, dou aula de legislação mineral para turmas de direito`, relata Rogério, citando a geotécnica e a interpretação de imagens de satélites como exemplos de ramos da geologia. `Entretanto, o meio ambiente tem sido um grande avanço para entender as questões mais amplas das ciências geológicas`, completa.
Para Rogério, a profissão está em alta no país, mas que ainda é sujeita às flutuações do mercado de metais. `Neste momento estamos em uma onda ascendente de todos os metais com preços aquecidos, com a China liderando a demanda por minerais e metais. É algo que os geólogos devem aproveitar`, opina.
Viajar muito é um dos diferenciais da profissão
Outro geólogo que tem muitas histórias para contar é Firmino Correia. Ser confundido com policial federal, invasor de terra, fazendeiro e até com político são alguns dos fatos mais incomuns que já aconteceram na vida profissional dele. `Alguns grandes latifundiários pedem aos seus ?gerentes de fazenda? para nos mandar embora de suas terras. Mas outros são até gentis, a ponto de pedir as coisas mais inusitadas, como, por exemplo, ver se a terra tem ouro ou coisa do gênero`, diverte-se.
O geólogo, que tem quase dez anos de profissão, ingressou no mercado de trabalho já pós-graduado e começou trabalhando na área de mina no noroeste do estado. Atualmente, é funcionário da Cadam-PPSA, empresa do grupo Vale que trabalha com o caulim, matéria-prima de pigmentos para papéis, tintas, catalisadores e até industria automobilística. O atual campo de trabalho de Firmino é a mina da empresa em Ipixuna, Nordeste paraense.
Firmino conta que tinha tanta certeza que queria ser geólogo que abandonou a licenciatura em matemática para se dedicar à geologia. E não se arrependeu da troca, pois fala com muita paixão sobre a sua profissão. `Além do conhecimento do planeta terra, suas reações e movimentos, o que mais me impressiona ainda hoje é poder saber que, no tempo geológico, nós seres humanos aparecemos no planeta como a última gota que completou a formação dos oceanos`, observa.
Trabalhar em condições adversas, remotas e lidando com pessoas que não têm o conhecimento da atuação do profissional são dificuldades encontradas pelo geólogo em seu território de atuação, na opinião de Firmino. Outra dificuldade que ele coloca é que, devido às longas jornadas trabalhando em campo, a profissão impõe uma distância dos amigos e da família (principalmente de Márcia, a esposa, que trabalha na Cadam-PPSA)
Mas, de acordo com ele, existe também o lado compensatório disso tudo. `Sem dúvida essa escolha nos proporciona conhecer novos lugares, culturas e pessoas, e isso, no meu ponto de vista, é muito interessante e divertido`.
O Liberal