Três empresas querem explorar urânio
13/11/07
Apenas três empresas entregaram proposta para participar da concorrência que escolherá o primeiro parceiro privado da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) na exploração de urânio. A disputa, que teve início no mês de setembro, ocorreu por meio de carta-convite, enviada a sete grupos mineradores do País. Apresentaram-se como interessados na empreitada a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Bunge Fertilizantes e Mineração Galvani. A iniciativa visa a aumentar a produção de urânio no País, permitindo o pleno abastecimento da usina nuclear de Angra 3, prevista para começar a operar em 2013. O objetivo da INB, vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear e subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é encontrar investidores dispostos a explorar o fosfato que se encontra associado ao urânio na reserva de Santa Quitéria, no Ceará. Desta maneira, após a separação dos minérios, a INB ficará com todo o urânio lavrado e o parceiro com o fosfato, um importantes insumo para fertilizantes. Potencial. De acordo com levantamentos realizados pela INB, a mina de Santa Quitéria teria capacidade para produzir 120 mil toneladas/ano de fosfato e 800 toneladas/ano de urânio. Diante deste potencial, a estimativa é de que o parceiro privado entre com recursos de cerca de US$ 110 milhões, enquanto a INB aportaria outros US$ 20 milhões. Este último montante seria utilizado na construção da unidade de benecifiamento e tratamento do urânio lavrado. O Brasil detém a sexta maior reserva mundial de urânio, com cerca de 309 mil toneladas, mas somente 30% do solo nacional foram prospectados. Atualmente, apenas uma mina está em operação, a de Catité (BA). A unidade tem capacidade para produzir 400 toneladas/ano de concentrado de urânio, que abastecem as usinas nucleares de Angra 1 e 2. O consumo das usinas nacionais é de 470 toneladas a cada um ano e quatro meses. A meta da INB é dobrar, até 2011, a atual produção nacional de urânio, passando-a a 800 toneladas/ano. Com o modelo idealizado pela INB, a parceria com a iniciativa privada não exigirá mudanças na atual legislação brasileira – de monopólio estatal na exploração do urânio -, uma vez que a produção e a comercialização do mineral ficarão a cargo da União. Além de Santa Quitéria, a INB também estuda a ampliação da produção em Catité. Neste caso, no entanto, os investimentos não poderiam ser compartilhados com a iniciativa privada, uma vez que a mina detém reservas exclusivamente de urânio, ou seja, não estão associadas a outros minérios. Apesar de ocupar a posição de segunda maior mineradora do mundo, a Companhia Vale do Rio Doce não opera, atualmente, nenhuma reserva de fosfato. A empresa está em fase de desenvolvimento da minha de Bayovar, no Peru. O presidente da empresa, Roger Agnelli, já afirmou por diversas vezes que a CVRD teria interesse em participar de eventuais parcerias com o governo para explorar o mineral. Já a Mineração Galvani atua com destaque na exploração de fosfato em municípios do Espírito Santo. Com um histórico mais extenso na área de fosfato, a Bunge Fertilizantes explora o mineral desde o início de suas operações no País, em 1938. Somente no Brasil, a multinacional explora duas minas: Araxá (MG) e Cajati (SP). Junras, as unidades produzem 1,4 milhão de toneladas de pedra fosfática por ano.
Jornal do Commércio – RJ