Vale Inco de olho na exploração de urânio
25/09/07
Capital privado tornaria Brasil 30 maior produtor O presidente da CVRD Inco, Murilo Ferreira, disse que a companhia teria interesse em iniciar a exploração em território brasileiro. `A Vale do Rio Doce já iniciou a exploração do mineral no Canadá, com boas perspectivas de sucesso`. O presidente da Yamana Gold, Antenor Firmino da Silva, afirmou `que não vê qualquer sentido no monopólio`. De acordo com dados do Ibram, o Brasil é o décimo segundo maior produtor de urânio, com cerca de 360 toneladas/ano (concentrado). A produção atende atualmente à demanda das usinas nucleares brasileiras de Angra I e II. Segundo Paulo Camillo Penna, presidente do Ibram, o País já possui a 6ª maior reserva mundial (309 mil toneladas), sendo que os levantamentos já realizados abrangem apenas 30% do território brasileiro. As principais reservas estão localizadas na Bahia e no Ceará. A estimativa do Ibram é de que com a participação da iniciativa privada o Brasil passaria para o terceiro maior produtor. `Hoje se o Brasil tivesse as oito usinas nucleares em operação (incluindo as sete previstas no acordo com a Alemanha), utilizaria apenas 30% do que tem durante 60 anos e exportaria o excedente`, afirmou. O obstáculo, de acordo com ele, é que o País não domina a tecnologia de enriquecimento do mineral. `Falta capital para investir em tecnologia`. Ele ressalta a valorização do produto no mercado internacional, que saltou do patamar de US$ 12/libra peso em 2004 para o patamar de US$ 122/libra peso em julho deste ano. `O urânio não é mais um minério estatal, é uma commodity`, defende o presidente do Ibram. A demanda mundial pelo mineral é de 67 mil toneladas/ano. A proposta de flexibilização, de acordo com ele, está sendo analisada pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. abertura. O ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, admitiu ontem, de novo, a possibilidade de as companhias privadas obterem autorização para explorar a mineração do urânio no País. Pela Constituição de 1988, toda a exploração de urânio é controlada pela estatal Indústrias Nucleares Brasileiras (INB). Hubner observou que a discussão está `além do governo`, mas disse que `agora cabe uma revisitação e uma discussão com a sociedade brasileira` a respeito do assunto. `Só aí a gente vai poder avançar nesse marco (regulatório)`. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em junho último foi encaminhada ao Congresso uma proposta de flexibilização da exploração dos minerais e minérios radioativos, a exemplo do que ocorreu com o setor de petróleo e gás. A expectativa, conforme o presidente da entidade, Paulo Camillo Penna, é que a iniciativa privada seja autorizada para realizar o levantamento geológico e a exploração, sendo que a comercialização seria feita pela INB. Os recursos captados com a venda para o exterior poderiam ser utilizados para financiar o programa nuclear brasileiro. `Hoje a Constituição coloca isso na mão do Estado brasileiro, mas tem uma série de interpretações a respeito da exploração`, observou o ministro, ressaltando, porém, que não acredita em modificação do cenário num curto ou médio prazo. Hubner – que participou do 12º Congresso Brasileiro de Mineração – defendeu `formas criativas` de participação das empresas privadas e citou um estudo das Minas e Energia sobre a possibilidade de mineração de urânio encontrado junto a uma jazida de fosfato no Ceará. `Uma empresa privada de extração mineral poderia extrair o fosfato e o subproduto dessa exploração, ela entregar para a INB`.
Agência Estado