Com novas tecnologias é possível mudar forma de produção de carvão vegetal na Amazônia, afirma especialista
06/12/07
O fato dos produtores de ferro-gusa sentarem à mesma mesa com pesquisadores e representantes do governo para a discussão de processo de produção de carvão vegetal foi destacado por Patrick Rousset, do Centro de Cooperação Internacional de Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), como um dos fatos mais importantes do seminário realizado na terça-feira (4) no hotel Crowne Plaza, em Belém. O evento foi promovido pelo Sindicato das Indústrias de Ferro-Gusa do Pará (Sindiferpa), em parceria com o sindicato similar do Maranhão (Sifema), o Cirad e a Universidade Federal do Pará. ?Este evento mostra que hoje é possível utilizar novas tecnologias para a produção de carvão e que os produtores querem realmente que as coisas mudem?, afirma Rousset. O Cirad é um organismo francês de pesquisa agronômica que objetiva contribuir com o desenvolvimento dos países tropicais e subtropicais, por meio de pesquisas, experimentos, treinamento, capacitação, informação científica e técnica, principalmente nos setores agrícola, florestal e agroalimentar. Esta missão foi ampliada para levar em conta os desafios ambientais e a gestão dos recursos naturais. Desde então, o desenvolvimento sustentável se tornou seu carro-chefe. No Brasil, o Cirad conduz pesquisas há cerca de 25 anos, como para o desenvolvimento sustentável e a gestão dos recursos naturais, em particular na região amazônica. No seminário, Patrick Rousset falou sobre as tecnologias eficientes de carbonização em uso na Europa. Rousset disse que hoje existe tecnologia para diminuir a quantidade de matéria-prima para a produção de carvão vegetal. Ele aponta para a necessidade de se utilizar cada vez mais a sobra da exploração e da transformação da madeira. ?Num futuro próximo, o Brasil tem que mudar a maneira de produzir carvão?, defende ele. Nilma Bragança, consultora de meio ambiente do Sindiferpa, reforça que a utilização dessa sobra é uma alternativa para a produção do carvão utilizado pelas siderúrgicas, pois de cada metro cúbico liberado de madeira, existem outros quatro metros cúbicos disponíveis que precisam ser liberados pelo órgão ambiental, no caso a secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema). Ela lembra que em outubro o setor produtivo apresentou ao governo estadual uma proposta de sustentabilidade para o setor, mas até agora não conseguiu sentar para discuti-la. ?Existe viabilidade do ponto de vista social, ambiental e econômico para o setor. Falta apenas sentar com o governo para fecharmos um acordo?, acrescenta Nilma. O presidente do Sindiferpa, Afonso Albuquerque, destaca que o setor siderúrgico da região de Carajás está empenhado em aumentar de 60 mil para 270 mil hectares de floretas plantadas para dar sustentabilidade à sua atividade, mas que há necessidade de superação de pelo menos dois entraves: a questão fundiária e a reserva legal de 80%. ?Não existe empreendimento que se viabilize com o uso de apenas 20% da área para plantio?, acrescenta Albuquerque.
Pará Negócios