Crédito em alta faz indústria prever novo salto
14/09/07
A indústria, que deu impulso à elevação do PIB no primeiro semestre, tem fôlego para continuar em ritmo acelerado até o final do ano e pelo menos até 2008.A previsão tem como base os financiamentos recebidos pelo setor, tanto pelo BNDES quanto pelos bancos comerciais. Esses recursos são usados prioritariamente para as indústrias realizarem investimentos em expansão e aprimoramento da produção. Os setores que mais tomaram recursos para investir foram mineração, automobilístico, petróleo, alimentos e bebidas. São eles, portanto, que têm maiores perspectivas de crescimento nos próximos meses. Em mineração, por exemplo, o otimismo é elevado. De acordo com previsões do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), a fatia do setor no PIB vai crescer de 4,98% do total em 2006 para 6% em 2007. Segundo dados do Banco Central, o estoque de crédito para o setor industrial somou o volume recorde de R$ 180,5 bilhões em julho. O crescimento foi de 22% no período de 12 meses. No BNDES, que empresta recursos a taxas mais baixas mediante planos de investimento das empresas, o volume destinado às indústrias foi de R$ 15,1 bilhões até julho deste ano, uma elevação de 33,4%. Otimismo em minérios e açoA indústria extrativa mineral prevê ampliar para 6% sua contribuição para o Produto Interno Bruto neste ano, de acordo com as estimativas do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). No ano passado, a produção girou em torno de US$ 53 bilhões.”E a tendência é este movimento continuar”, avalia Antonio Lannes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Ibram. O PIB mineral, segundo ele, vem se destacando desde o final de 2004, quando a demanda mundial começou a se aquecer, impulsionada pela China. Os estoques mundiais ainda estão muito baixos, o que provoca uma corrida por investimentos em expansão de capacidade.Só no Brasil serão investidos R$ 56 bilhões pelas mineradoras entre 2007 e 2011. “Um pouco irá para melhora de infra-estrutura, transporte e logística, mas a maior parte desse valor vai para o aumento de capacidade”, explica Lannes.O minério de ferro é o principal produto brasileiro em destaque no cenário internacional. Mas Lannes conta que outros metais, como a bauxita, o cobre, o nióbio e rochas ornamentais, também contribuem para as exportações.No ano passado, a indústria extrativa mineral participou de cerca de 36% do saldo total do comércio exterior brasileiro. O executivo prevê que a participação do setor aumentará em 2007, uma vez que o saldo da balança deverá ser menor que em 2006, enquanto o valor exportado do setor se elevará.Outro setor com muitos investimentos programados é o siderúrgico. Para pular da capacidade atual de 37,1 milhões de toneladas (t) para 52,2 milhões de t de aço bruto por ano, as siderúrgicas programam aportes na ordem de US$ 17,2 bilhões entre 2007 e 2012, incluindo tanto expansões de empresas já instaladas, como novas unidades. O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) chama este programa de investimentos de “PAC Siderúrgico”.Neste ano, segundo estimativas do IBS, a produção brasileira de aço bruto deverá alcançar 34,9 milhões de toneladas, um crescimento de 12,8% em comparação com 2006. Além do mercado interno aquecido – nos sete primeiros meses deste ano cresceu 15,5% em relação ao mesmo período de 2006 -, as exportações também vão puxar a produção.As usinas esperam manter-se fortes no cenário internacional. O Brasil é atualmente o décimo maior produtor e exportador de aço do mundo. Em 2006, foram enviadas ao exterior 12,5 milhões de t do produto, algo em torno US$ 6,9 bilhões. A expectativa em 2007 é chegar a 13,6 milhões de t, com elevação de 12,9% em volume no resultado do ano passado.Volta por cimaO aquecimento da atividade industrial fez com que o setor retomasse seu papel de impulsionador do crescimento da economia, que há tempos foi perdido para o segmento de serviços.Essa retomada foi ressaltada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que lembra: “A aceleração significativa da indústria, que transitou de um crescimento de 0,4% no 1º trimestre com relação ao último trimestre do ano passado com ajuste sazonal, para 1,3% no 2º trimestre, é digna de destaque, pois sinaliza que o setor retomou uma condição que, para alguns, havia sido perdida para o setor de serviços: a de liderar o crescimento da economia”.O instituto recorda que “se não fosse por essa aceleração do setor industrial, o PIB do 2º trimestre do ano teria registrado uma taxa de variação bem menor do que a do 1º trimestre, frustrando assim a expectativa de aceleração do crescimento”.Os destaques, na avaliação do Iedi, foram a indústria de transformação e a de construção.
DCI