Governo rejeita operação da Vale para comprar a Xstrata
24/01/08
O Planalto não aprova a compra da mineradora anglo-suíça Xstrata pela Companhia Vale do Rio Doce. A cúpula do governo, segundo apurou o Valor, considera o negócio – que não está fechado – “caro”, “complicado” e “prejudicial aos interesses do país”. Por isso, deverá orientar os representantes do conselho de administração da Vale que têm vínculo com a União – BNDESPar e Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) – a rejeitar a operação, que depende de aprovação do conselho. A oposição ao negócio começa pelo preço – US$ 90 bilhões, quando a própria Vale é avaliada em torno de US$ 120 bilhões. Além disso, segundo um ministro, este não é um momento apropriado para aquisições nesse segmento, uma vez que os preços das mineradoras no mercado mundial estão muito elevados.O governo tem resistência também a uma das formas de pagamento que a Vale estuda para a operação – a troca de ações, com a oferta de US$ 30 bilhões em ações preferenciais. Isso transferiria para estrangeiros um bom pedaço do capital da companhia, que o Planalto encara como “estratégica” para o desenvolvimento do país.Na opinião de auxiliares do presidente, pelo menos um outro acionista com assento no conselho deverá rejeitar a operação. “Vocês acham que o Bradesco concordará com esse negócio?”, indagou um ministro. Segundo ele, o governo tem, além da “golden share” (poder de veto em algumas decisões da Vale), um acordo de acionistas que assegura aos entes públicos (BNDESPar e Previ) a possibilidade de impedir a compra. Essa posição surpreendeu a diretoria executiva da Vale. Através de sua assessoria, a direção da empresa considerou “prematuro” emitir opiniões neste momento, “porque ninguém tem informações do negócio, nem mesmo o conselho de administração da companhia”. Os temores dos assessores do Planalto em relação à situação atual do mercado e à possibilidade de uma diluição do controle da companhia são compartilhados pela Previ e por outros fundos que têm ações da Vale, mas os acionistas controladores estão ainda no início de uma análise técnica e estratégia sobre a aquisição da mineradora anglo-suíça.
Valor Econômico