Ibram quer o fim do monopólio estatal
05/10/07
5 de Outubro de 2007 – O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) prevê como prioritário para o Programa Nuclear Brasileiro o fim do monopólio estatal do urânio e a entrada de empresas privadas na exploração do minério. Paulo Camillo Penna, presidente da entidade, disse a este jornal que vê a possibilidade do País iniciar logo esse debate. `O Brasil perdeu grandes oportunidades de debater o tema mas ainda há tempo. Podemos comparar a prospecção do urânio com o que aconteceu no passado com o petróleo e o gás, que passaram por um processo de maturação e hoje superam todas as expectativas`, disse. De acordo com o Ibram, o Brasil apesar de ser dono da sexta maior reserva de urânio do mundo, não participa do mercado internacional. `As empresas brasileiras estão explorando urânio na Austrália, em razão do monopólio estatal do Brasil. A Vale do Rio Doce é um exemplo. A companhia anunciou que conseguiu uma concessão na Austrália. Com certeza, ela teria interesse em operar no Brasil`, desabafa. Segundo Penna, o urânio foi a vedete da convenção anual da Prospectors and Developers Association of Canadá (PDAC), que reuniu no início deste ano as maiores empresas do setor da mineração no Canadá. `Há um interesse muito grande no urânio por causa do maior uso da energia nuclear e devido aos problemas ambientais e ao aquecimento global`, afirma. `O País tem um potencial muito grande para exploração de urânio, o que pode atrair investimentos e financiar o programa nuclear brasileiro`, acrescenta. Para tornar essa possibilidade uma realidade, o Ibram levou ao deputado Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara Federal, um pedido para acabar com o monopólio estatal da pesquisa e lavra de minérios nucleares. A proposta é que o Congresso Nacional permita que as empresas privadas possam atuar na exploração, nas atividades de comercialização e enriquecimento. Países como o Uruguai e a Argentina já adotaram medidas mais flexíveis para o urânio. A vantagem do Brasil é que além de ter esse minério em abundância, também dominar as outras etapas de beneficiamento. `Poderíamos, por exemplo, vender o urânio já enriquecido`, defende o presidente do Ibram. Um dos motivos que também levaram o Instituto a discutir a questão do urânio é o forte aumento dos preços, que nos últimos três anos, conforme a cotação da bolsa de Londres, saltou de US$ 12 para US$ 110 (libra-peso). `O Brasil já poderia ocupar o terceiro lugar no ranking de produtores`, lamenta Camillo Penna. (I.D.) kicker: Empresas brasileiras, como a Vale do Rio Doce, estão explorando urânio na Austrália, em razão do monopólio estatal do Brasil
Gazeta Mercantil