Indústria prevê expansão do PIB de até 5%
12/12/07
Com demanda interna aquecida, investimentos em infra-estrutura e fábricas, representantes de importantes setores da indústria prevêem um crescimento próximo dos 5% neste ano. Para 2008, executivos mostram otimismo, mas também preocupação com o câmbio valorizado e as incertezas em relação à desaceleração da economia norte-americana. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, o crescimento do PIB este ano deve ficar em 4,8%, ou “um pouco acima disso”. “Foi um ano positivo para a indústria. Poucos setores não puderam acompanhar o crescimento”, diz, acrescentando que a indústria de transformação reviu sua projeção de alta de 3,5% para 5%. Para 2008, o executivo diz ser um pouco cedo para avaliar, mas considera que o País atingiu um “outro patamar” em crescimento e, por isso, deve crescer acima de 4% no próximo ano. “O Brasil tem condições de manter o crescimento. A grande interrogação é o mercado externo”, diz, em referência aos Estados Unidos. “Os próximos três anos são de crescimento, com certeza acima de 3,5%. Se crescer mais de 5% vai faltar estrutura”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Luiz Aubert Neto. Em 2007, a indústria de bens de capital vai crescer 13%, impulsionada por investimentos de setores como mineração, papel e celulose e siderurgia. Para 2008, as projeções são de 6% a 8%. “Não estou sendo pessimista. Não sabemos até que ponto os EUA podem afetar a economia”, justifica. O executivo diz ainda que o câmbio valorizado tem prejudicado o setor industrial, com a substituição de produtos brasileiros por importados. “O Brasil corre o risco de só exportar matéria-prima, sendo condenado a um país pobre.” O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Merheg Cachum, diz que o setor está enfrentando dificuldades para se adaptar ao real valorizado. Este ano, o consumo de matéria-prima das indústrias cresceu 7%, mas o faturamento do setor, em reais, caiu 7,5%. Apesar do resultado negativo, Cachum aposta em um 2008 positivo para a economia. “Será um ano político, o que é sempre melhor. O crescimento deve continuar.” O executivo, no entanto, vê com preocupação a queda do dólar. “Algumas pessoas estão falando em dólar a R$ 1,60, R$ 1,50. Se isso acontecer algumas empresas devem fechar”, afirmou. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, aposta no crescimento do PIB de 4,7% este ano. “As condições estão postas para isso.” Para 2008, o executivo prevê um índice no mesmo patamar, mas diz que isso só será possível se os investimentos em infra-estrutura programados forem realizados. O setor de eletroeletrônico prevê crescimento do PIB próximo a 5% neste ano. Para 2008, a expectativa é de que ritmo de expansão se mantenha. “O crescimento tem de ser controlado porque não temos infra-estutrura”, concorda o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato. O faturamento do setor cresceu 8% em relação a 2006. Para o próximo ano, a perspectiva é de alta de 9%. O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, estima que o crescimento da economia pode ficar um pouco acima de 4,5%. Para o setor, o cenário é de crescimento, diz Godoy, citando o Programa de Aceleração do Crescimento, leilão das rodovias e de terceira geração, entre outros. Com planos de investimentos de US$ 17 bilhões para ampliar a capacidade, a indústria siderúrgica tem prioridade atender o mercado interno. Hoje, 40% da produção é destinada às exportações. “A China exporta apenas 10% da produção pois tem um mercado interno forte. Gostaríamos de um volume melhor no mercado interno”, diz presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marcopolo Lopes. Para 2007, a expectativa é de expansão de 9,9% na produção nacional e, em 2008, de 10,8%.
Gazeta Mercantil