Preço de não-ferrosos pode desacelerar em 2008
04/10/07
SÃO PAULO, 4 de outubro de 2007 – O período de forte alta dos preços dos metais pode estar chegando ao fim. Com os novos projetos de mineração entrando em operação a partir do ano que vem e a prevista redução do ritmo de crescimento da economia mundial, os índices de aumento que se têm verificado nas principais commodities metálicas ao longo deste ano não devem se repetir em 2008. Analistas prevêem que o preço médio dos minerais não-ferrosos deve estabilizar ou até mesmo apresentar queda em 2008. Ainda assim, as cotações devem se manter em patamar elevado se comparado aos níveis históricos já registrados. De acordo com estimativas da Tendências Consultoria Integrada, as cotações do níquel, zinco e alumínio devem cair 23%, 13% e 12%, respectivamente. Outras commodities metálicas, como cobre e estanho, devem cair em ritmo menor, de 5% e 5,2%, enquanto para o preço do chumbo a previsão da consultoria é de estabilidade. Geraldo Haenel, presidente da Paranapanema, considera que não há fundamentos para a forte alta do cobre, metal que a empresa explora e processa. “O mercado é bastante imprevisível, é certo que o mundo em desenvolvimento está crescendo e puxando a demanda, mas dada as previsões de crescimento de demanda e de oferta, a tendência seria de maior estabilidade, ou até de queda”, disse. Alexandre Gallotti, um dos responsáveis pelo estudo da Tendências, destacou que a queda leva em consideração a redução do ritmo de crescimento da economia mundial, e conseqüentemente da demanda por metais, bem como a recomposição dos estoques destes metais. “Já víamos uma retração no mercado imobiliário norte-americano antes de estourar a crise. Em geral, a economia mundial deve crescer 4,9% este ano, abaixo dos 5,4% do ano passado”, afirmou. Para 2008, a previsão da consultoria é que o crescimento se mantenha em 4,9%. Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, também prevê um arrefecimento da economia mundial no ano que vem. “A partir do quarto trimestre deste ano e do primeiro trimestre de 2008 já veremos um enfraquecimento da economia norte-americana, que levará a um enfraquecimento do ritmo de crescimento da economia mundial”, afirmou. Silveira estima que o crescimento dos Estados Unidos deverá reduzir em cerca de um ponto percentual em 2008, em relação à taxa de 2,5% a 2,9% esperada para este ano, para entre 1,5% e 2%. “A redução no consumo por conta da crise atingirá setores industriais e construção civil, reduzindo relativamente a demanda relativa por insumos, como os metais.” Um estudo realizado pela RC Consultores indica que o preço médio das commodities para o ano que vem deve cair entre 5% e 7%. Silveira ressaltou que as commodities não-agrícolas, com destaque para as metálicas, devem ser as que mais contribuem para a queda. “O ciclo de crescimento prevalece desde 2003, então haverá uma pequena reversão, que corrigirá desvios e os metais são as commodities que mais cresceram no período”, disse. O alumínio, por exemplo, metal não-ferroso mais utilizado no mundo, devido à sua diversidade de aplicações, como aviões, automóveis e embalagens, registrou uma alta de cerca de 76% de 2003 até o mês passado na Bolsa de Metais de Londres (LME). Já a cotação do níquel, usado no aço inox, subiu 185,7% no período. O cobre já é negociado a valores mais de 320% superiores em relação à média de quatro anos atrás. Para o fechamento deste ano, a Tendências estima que níquel, chumbo e estanho devem fechar com as maiores altas, em relação a 2006, de 54%, 90% e 60%, respectivamente. Já o alumínio, o cobre e o zinco terão elevações mais moderadas, de 6,2%, 4,9% e 5,8%, nesta ordem. Tal crescimento, explicam os especialistas, é resultado da forte alta da demanda mundial a partir de 2003, combinado à limitada elevação da oferta, o que gerou redução dos níveis de estoques e disparada nos preços. Luiz Gustavo Mameza, do Banco Standard Investimentos, avalia que o atual cenário para os metais deve continuar positivo no primeiro semestre de 2008 mas pode reverter na segunda metade do ano. “O segundo semestre do ano que vem deve ser mais fraco, com o início de entrada em operação de projetos que devem elevar a oferta de alguns metais, como o níquel”, disse. De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a produção dos metais não-ferrosos crescerá bastante nos próximos anos, porém a forte demanda asiática deve manter o preço dessas commodities minerais em alta neste período, principalmente a China, onde o consumo de minerais deve se manter aquecido. “O mercado pode sofrer alguns ajustes, mas a tendência é que a demanda por esses minerais seja maior que a oferta, contribuindo para manter os estoques baixos, assim os preços devem continuar altos até o fim da década”, declarou a entidade. Estoques No entanto, Gallotti destacou que em alguns metais, os níveis dos estoques já está apresentando elevação neste ano. É o caso do alumínio, que somente em setembro apresentou um crescimento de 14% e acumula alta de 34% em 2007, para 940 mil toneladas, em setembro. Já os estoques de níquel cresceram 34% no mês passado e registram alta de 388% no ano, para 32,4 mil toneladas. O cobre manteve estável em setembro, mas no ano acumula alta de 28%, para 130,77 mil toneladas.