Recuperar áreas degradadas é o grande desafio na Amazônia
22/11/07
?É um desafio muito grande trabalhar com a recuperação de áreas degradadas, daí a necessidade de se discutir também com os gestores públicos e a sociedade em geral sobre algumas questões básicas relacionadas à restauração dessas áreas na Amazônia?. A afirmação é da diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ima Vieira, feita nesta quarta-feira (21) na abertura do simpósio ?Conservação da biodiversidade em paisagens florestas antropizadas?, que o Goeldi promove em Belém junto com as universidades de East Anglia e Lancaster, do Reino Unido. Para o pesquisador Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, o simpósio visa reunir a comunidade acadêmica para debater as principais questões relacionadas à biodiversidade, como a fragmentação de ecossistemas. ?Um dos nossos desafios é quantificar os efeitos do uso da terra e da conversão de habitats primários na biodiversidade de diferentes regiões de floresta tropical?. Um dos destaques do primeiro dia de evento foi a palestra do pesquisador Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que falou sobre a retenção da cobertura florestal na Amazônia em tempos de mudanças climáticas. Segundo ele, o padrão geográfico da distribuição de biomas é fortemente correlacionado às determinantes climáticas. ?Assim como o clima é o principal fator que explica a distribuição global dos biomas, a vegetação também é um fator importante para a determinação do clima?, disse o cientista. Nobre explicou que a vegetação também exerce um papel primordial para a conservação da água, atuando no controle dos fluxos de vapor d?água e na criação das condições para a geração das chuvas. ?A floresta apresenta alta evapotranspiração. É por isso que nas áreas florestais chove mais?. Ele falou ainda sobre alguns processos que podem contribuir para reduzir a resistência dos ecossistemas florestais, como o desmatamento, o fogo, os extremos climáticos e o aquecimento global. ?No caso da Amazônia, a combinação desses fatores pode levar ao processo de ?savanização? do clima da região?. Na quarta-feira também se apresentaram, pela manhã, os pesquisadores John Hemming, da Royal Geographical Society, que fez um apanhado sobre a interação dos povos indígenas com o meio ambiente amazônico; Carlos Souza Jr., do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), que apresentou algumas estratégias e metodologias de monitoramento de áreas florestais; e Ricardo Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP), que falou sobre as mudanças de paradigmas no processo de reflorestamento de áreas degradadas ou com uso intensivo do solo. Jean-Paul Metzger, da USP, falou sobre a importância da conectividade em paisagens florestais fragmentadas; e Silvio Ferraz, da Universidade Estadual de São Paulo / Rio Claro, sobre o papel da diversidade estrutural e o histórico da paisagem na retenção da biodiversidade. Á tarde foram apresentadas pesquisas relacionadas à conservação de biodiversidade em diferentes ecossistemas. A apresentação de estudos continua nesta quinta-feira (22), quando serão debatidos diversos temas relacionados às políticas públicas e economia, como o ordenamento territorial, a gestão das florestas e das populações rurais na Amazônia, a implementação de unidades de conservação e o cumprimento da legislação ambiental. O simpósio prossegue até sexta-feira (23).
Pará Negócios