Urânio para exportação
21/01/08
O mercado internacional desenha futuro promissor para o concentrado de urânio (pó amarelo), insumo essencial à primeira etapa de produção do combustível para usinas nucleares. A constante demanda por energia nuclear abre fértil campo de emprego do urânio, na forma concentrada, provocando aumentos continuados na cotação de seus preços.Essa conjuntura favorável viabiliza, sobremaneira, a produção de urânio na mina de Itataia, em Santa Quitéria, situada na zona norte do Ceará, onde são escassas as condições ambientais para a agricultura ali praticada em bases tradicionais, assim como o criatório bovino. A região insere-se no zoneamento agroecológico prejudicado pelo uso inadequado do solo, gerando, em conseqüência, os indícios de desertificação.O projeto de Santa Quitéria, de iniciativa do complexo Indústrias Nucleares do Brasil (INB), é um empreendimento estimado em US$ 200 milhões para extrair o fosfato do subsolo e, dessa maneira, viabilizar a exploração do urânio, na qual serão investidos US$ 30 milhões. Detentora da posse da mina, essa empresa de economia mista está escolhendo parceirospara produzir o fosfato entre três grandes grupos empresariais: Bunge, Galvani e Companhia Vale do Rio Doce.A mina de Santa Quitéria deverá produzir 120 mil toneladas anuais de fosfato, de largo emprego nas atividades agrícolas, e 800 toneladas anuais de concentrado de urânio. O início da produção está previsto para 2012. Até lá, deverão estar concluídos os projetos industriais de produção, as obras de infra-estrutura para possibilitar seu escoamento e a incorporação dessa fonte produtora de urânio às 441 usinas em operação no mundo.A carência de energia elétrica para assegurar a expansão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) levou o governo federal a priorizar o funcionamento da usina nuclear de Angra dos Reis III. Essa decisão impôs à INB aumentar a produção de 400 toneladas anuais de concentrados para 800 toneladas, a partir de 2012, na usina de Caetité, na Bahia, unidade supridora de Angra I e II.O início da produção de Itataia, em Santa Quitéria, irá garantir a normalidade do abastecimento interno e a exportação do excedente. Aí reside o grande trunfo do empreendimento, alinhado com três outras usinas já projetadas. A meta é quadruplicar a produção brasileira de 400 toneladas para 1,6 mil toneladas de concentrados de urânio.No mercado internacional, os preços do urânio foram elevados em cerca de dez vezes nos últimos anos. Saindo do patamar de US$ 12 a libra (correspondente a meio quilo), chegaram a alcançar US$ 135, estabilizando-se em US$ 90. O mercado continua comprador. Daí a corrida para o início das operações de 13 novas usinas internacionais, enquanto 60 outras estão sendo planejadas.A usina de Itataia retirará do isolamento e da ociosidade parte expressiva do sertão estorricado da Zona Norte, tornando-a um centro ativo de produção industrial e de circulação de riquezas.
Diário do Nordeste