Urânio: Um monopólio irracional
22/10/07
O Brasil tem grandes reservas de urânio, mas explora mal essa riqueza, justamente no momento em que os preços do minério disparam no mundo Reserva do mundo Enjeitado por duas décadas, o urânio se tornou a vedete mundial do setor energético. O motivo é simples. O mundo precisa de 80 mil toneladas por ano de urânio, desde que decidiu investir pesado nas usinas nucleares, mas a extração anual não passa de 60 mil toneladas. Por isso, o preço do metal passou de US$ 7 a libra peso, em 2000, para US$ 135, neste ano. Com isso, o Brasil, que possui a sexta maior reserva do mundo, só teria a ganhar. Mas, no momento, o setor privado só pode calcular a oportunidade perdida. No Brasil, a exploração do urânio é monopólio do Estado, exercido pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Se fosse eficiente, não teria problemas. Mas não, a INB só tem capacidade para produzir 400 toneladas de concentrado de urânio, o yellow cake. É triste. Apesar de ter 7% da reserva mundial, o Brasil ocupa a 12ª posição no ranking com 0,8% da produção. ?Precisamos flexibilizar esse monopólio. O Brasil não detém o ciclo completo de enriquecimento de urânio e estamos perdendo grandes oportunidades?, diz Paulo Camillo Penna, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração. ?Queremos participar também da atividade. Com isso, vamos gerar excedentes financeiros.? Paulo Camillo levou ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, em março, um documento pedindo a flexibilização do monopólio estatal da pesquisa e lavra dos minérios nucleares. Ele torce para que, até o final do ano, o Congresso elabore uma emenda à Constituição que permita a entrada de empresas brasileiras nesse mercado. Há mais de dez interessadas.
Um exemplo é que a INB, que pretende aumentar sua produção para 1,6 mil toneladas até 2012, lançou oferta pública procurando parceiros para explorar jazidas em Santa Quitéria, no Ceará. Oito empresas se candidataram a investir cerca de US$ 170 milhões.
O vencedor sai no final do mês. Essa parceria será um drible na legislação. Mas, enquanto o Brasil não se ajeita, a vizinha Argentina reativou a extração de urânio, a Coréia do Sul assinou contrato com a Ucrânia, a China conversa com a Argélia e a Companhia Vale do Rio Doce recentemente assinou um acordo de US$ 3,5 milhões com a australiana Dioro Exploration. ?Temos interesse em iniciar a exploração em território brasileiro?, diz o presidente da CVRD Inco, Murilo Ferreira. ?Não há qualquer sentido no monopólio?, completa Antenor da Silva, presidente da Yamana Gold. Não tem mesmo.
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