Vale atrai cada vez mais atenção dos investidores estrangeiros
13/02/08
A participação dos papéis da Vale comercializados na Bolsa de Nova York por pessoas físicas e jurídicas mais que triplicou no capital total da companhia nos últimos seis anos. E metade dos papéis preferenciais, sem direito à voto, já são comercializados no mercado americano. O primeiro relatório enviado à SEC, comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, disponível no site da Vale relata que em dezembro de 2001 14,9% das ações que representavam o capital total estavam sendo negociadas na bolsa americana. Hoje, segundo os mais recentes dados da área de relacionamento com investidores, também expostos no site da mineradora, os papéis negociados por estrangeiros já somam 40% do capital total. Em abril de 2003, dado disponível após a emissão de ações ordinárias (com direito a voto) na bolsa americana, pelo menos 23,5% de todas as ações ordinárias da empresa estavam em mãos estrangeiras. Em abril de 2007, segundo o relatório enviado à SEC, este percentual era de 26,9%. Nesta mesma data, 49,4% das ações preferenciais estavam sendo negociadas na mesma bolsa. De acordo com o último relatório enviado à SEC (abril de 2007) 35,7% do capital total da empresa estavam sendo negociadas na Bolsa de Nova York. Juntam-se estes dados e as possibilidades de capitalização da companhia no exterior e as preocupações do governo faziam sentido, segundo um analista. Na semana passada, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse, porém, que há caminhos que compatibilizam a compra da Xstrata com a manutenção do controle da companhia em mãos brasileiras. O economista deu a entender que o temor de que a Glencore, acionista da Vale, tomasse poder na Valepar, controladora da Vale, havia passado. As ações preferenciais da Vale começaram a ser negociadas no mercado de balcão da Nyse na forma de ADRs nível 1 em 1994. Em junho de 2000, começaram a ser negociadas na forma de nível 2. A partir de março de 2002, com a última fase da privatização da Vale, os ADRs representativos de ações ordinárias emitidas pela empresa também começaram a ser negociadas na Nyse, na forma de nível 3. De acordo com a Vale, atualmente, 2.431.343.122 ações da Vale estão em circulação, sendo 1.471.607.838 ações ordinárias e 959.735.284 ações preferenciais. As ações disponíveis para negociação são aquelas que não pertencem ao acionista controlador (Valepar, detentor de 784.294.266 ações ordinárias) e que não estão na tesouraria da Vale. Em 31 de maio de 2006, estavam em tesouraria 28.291.020 ações ordinárias e 22.916 ações preferenciais. As ações da Vale disponíveis para negociação em bolsas de valores (free float) correspondem a 62,3% do total das emitidas. Interesse na Xstrata A Vale deverá continuar as negociações para compra da anglo-suiça Xstrata, mas ainda é cedo para saber até que ponto a empresa brasileira ousaria para ficar com um dos ativos do setor disponíveis no mundo que mais se adequa ao seu perfil no momento. Segundo analistas que acompanham a Vale, uma eventual recusa dos acionistas da Xstrata a uma oferta de US$ 76 bilhões –que teria sido feita informalmente, segundo o Financial Times — não deve atrapalhar as negociações. A Vale não quis comentar o assunto. `Se não houve consenso sobre o valor, devem estar em entendimento. Enquanto não houver um valor divulgado oficialmente pela empresa a gente fica muito no campo da especulação`, avaliou Pedro Galdi, analista do ABN Amro. `O empréstimo-ponte ela (Vale) consegue agora, mas para alongar mais à frente, com taxas atrativas, ela não consegue`, explicou. Em Londres, o analista de mineração da MF Global Securities Tobias Woerner, afirmou que a Vale poderia fazer um lance maior, de cerca de 45 libras por ação, se quiser conquistar os acionistas da Xstrata. As ações da Xstrata tiveram alta de 0,49% ontem, paraCHF$ 82,70, já a Vale ON subiu 0,73%, para R$ 55,91. A Vale PNA fechou em R$ 47,59 (alta de 1,14%) e as ADRs da Vale na Bolsa de Nova York fecharam US$ 26,87, com queda de 1,47%.
Gazeta Mercantil