Vale manifesta temor de nova invasão na ferrovia de Carajás, mas governo estadual garante desocupação
22/10/07
A Companhia Vale do Rio Doce manifestou nesta sexta-feira (19) ?sua preocupação com as ameaças que o MST está fazendo de promover nova invasão? da Estrada de Ferro de Carajás. Em comunicado, a empresa diz esperar ?que as autoridades federais e estaduais, dentro de suas atribuições, não permitam nova invasão?. A assessoria de comunicação da secretaria paraense de Segurança Pública (Segup) também divulgou uma nota, afirmando que os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra que haviam ocupado a EFC na quarta-feira (17), ?não só cumpriram o acordo de desinterditar a ferrovia, como também se retiraram para área que não pertence a CVRD, distante cerca de 100 metros da ferrovia, muito além dos 40 metros legais estabelecidos na concessão para a companhia?. Diz a Segup que, ?diante de tanta clareza, não é verdade a afirmação de que a ferrovia não foi desocupada?. O bloqueio aconteceu na altura dos distritos Vila dos Palmares 1 e 2, no município de Parauapebas, no sudeste do Pará. Em seu comunicado a Vale afirma que os invasores do MST desobstruíram a ferrovia na quinta-feira, mas ressaltou que eles continuam acampados em área próxima aos trilhos. A empresa informa que nesta sexta-feira um oficial da Justiça Federal do Pará esteve no local da invasão para cumprimento do mandado de citação e reintegração de posse da área, por determinação da Justiça Federal. O oficial foi acompanhado de 25 agentes da Polícia Federal, 80 policiais da Polícia Militar do Pará e o representante da Secretaria de Segurança Pública do Estado, Eduardo Sizo.
Segundo a Vale, o oficial certificou, entre outras circunstâncias, que no local do acampamento havia pessoas armadas de pau, facão e facas e também algumas delas alcoolizadas. Diz ainda a empresa que o oficial também atestou ?que os manifestantes desocuparam os trilhos devido a um acordo realizado com o governo estadual, que marcou audiências para os dias 24 e 25 de outubro, com os governos estadual e federal, respectivamente?. ?O oficial encerra dizendo que os manifestantes permanecem nas proximidades da ferrovia ameaçando fazer novo bloqueio, caso não sejam atendidas as suas reivindicações?, detalha a nota da Vale. Informa também a mineradora que decidiu instalar placas de advertência sobre os riscos de cruzar a via férrea e que a velocidade dos trens está reduzida para garantir a segurança das pessoas que estão próximas à ferrovia, inclusive crianças. ?A Vale destaca que já havia construído no local uma passagem subterrânea, que não está sendo utilizada por vários dos invasores, o que pode representar risco de vida para as pessoas?. Outra informação: a Vale protocolou na Polícia Federal de Marabá pedido ?para que autoridade policial apure crimes cometidos e seus autores, a saber – formação de quadrilha, desobediência à ordem judicial e impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro?. Com a interdição, a Vale diz que cerca de 375 mil toneladas de minério deixaram de ser transportadas e que poderão ser aplicadas multas pelo atraso no embarque de navios que se encontram no porto de Ponta da Madeira, em São Luís. ?A CVRD vai adotar as medidas judiciais cabíveis para buscar o ressarcimento dos prejuízos decorrentes da invasão?, garante a empresa.
Ela também enviou ofício ao Ibama, manifestando a preocupação com as conseqüências decorrentes de queimadas e corte de vegetação para a instalação do acampamento do MST. E informa que cerca de 2,6 mil pessoas não puderam utilizar o trem de passageiros nos últimos dias. O serviço do trem de passageiros deverá ser retomado neste sábado (20). ?A Companhia espera que os invasores do MST respeitem o direito de ir e vir da população e não ponham em risco vidas humanas?, ressalta. Nota da Segup A nota da Segup começa por reafirmar o compromisso do governo de Ana Júlia Carepa por uma ?política pública de pacificação no Estado e respeito aos direitos constitucionais? e que, através de sua Comissão de Mediação Pacífica de Conflitos da Secretaria, estabeleceu mais uma vez o diálogo e negociou a desobstrução da Estrada de Ferro Carajás. Afirma a Segup que a desocupação aconteceu ?sem necessidade de uso da força e sem nenhuma violência, como tem sido feito sempre por este governo na desocupação de áreas em todo o Pará?. ?O Governo do Pará não somente cumpriu seu papel constitucional, como tratou com muita responsabilidade a questão, e assim conseguiu resolver o problema com respeito e paz. De forma transparente e reconhecendo a legitimidade dos movimentos sociais, mas lembrando sempre que o estado de direito é de todos, deve ser mantido e respeitado, a SEGUP usou a compreensão e o diálogo como mecanismos de paz para a desocupação da ferrovia. O Governo do Estado, através da SEGUP, reafirma com esse gesto o seu compromisso em continuar buscando a pacificação nas cidades
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